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Pesquisadores desenvolvem um “super” gel contra bactérias

Os estudos estão publicados em um artigo da segunda revista científica mais citada na área de “Pharmacy & Pharmacology”

Um grupo de pesquisadores do Campus Toledo vem trabalhando no desenvolvimento de um hidrogel com alto poder antimicrobiano. Os estudos estão publicados em um artigo da segunda revista científica mais citada na área de “Pharmacy & Pharmacology” e fazem parte do trabalho de pós-doutorado do Programa de Pós-Graduação em Processos Químicos e Biotecnológicos (PPGQB-Toledo) da pos-doutoranda Gabrielle Peiter e dos alunos do mestrado Iago Assis (PPGBio UTFPR) e Jaqueline Saracini (da Unioeste), orientados pelos professores Ricardo Schneider e Cleverson Busso.

No artigo, os pesquisadores citam a dificuldade em controlar doenças com os atuais antibióticos, já que elas estão se tornando mais resistentes. A equipe passou a trabalhar com materiais de vidro e com ausência de metais pesados ou nobres normalmente utilizados.

Para a pesquisadora Gabrielle, há uma necessidade urgente de novos produtos para tratar infecções com risco de vida. “Nossa abordagem envolve a descoberta e o desenvolvimento de novos materiais. Essas atividades combinam nossa experiência multidisciplinar em química Inorgânica/materiais, microbiologia e biologia estrutural”, explica.

O professor Ricardo Schneider comenta da importância do trabalho onde materiais que normalmente são inertes se mostraram potentes agentes bactericidas.  “O diferencial do trabalho está no uso do vidro como agente. Foi possível superar a ação de sanitizantes tradicionais como o álcool em gel com um vidro sem presença de metal pesado, como a prata, amplamente empregada para essa finalidade. Isso torna o material e abordagem únicas na preparação de novos produtos com ação bacteriológica”, comenta.

No trabalho publicado, a equipe revela testes de atividade biológica contra a bactéria Staphylococcus aureusEscherichia colie Pseudomonas aeruginosa e que mostraram uma melhor atividade antimicrobiana comparada a outros sanitizantes.

Para Cleverson Busso, o desenvolvimento do material vítreo antimicrobiano abre novas possibilidades de aplicações em várias áreas tais como médica, industrial e até mesmo agronômica. “O material teve ótima ação bactericida, matando bactérias problemáticas associadas a infecções hospitalares graves, como é o caso da bactéria Pseudomonas aeruginosa. Além disso, o produto tem mostrado altamente eficiente contra diversas espécies de fungos patogênicos ao homem e a agricultura. Neste sentido, novos estudos estão sendo realizados investigando futuras aplicações”, completa.

O hidrogel desenvolvido  é composto de vidro boroffato e Carbopol®, um agente gelificante utilizado em desinfetantes para as mãos. O Carbopol® não apresenta atividade antimicrobiana e é atóxico e não irritante, sendo adequado para produção de gel. Uma das vantagens deste hidrogel, segundo o artigo dos pesquisadores, está no fato de que os álcoois são rapidamente germicidas quando aplicados na pele mas não apresentam atividade residual persistente, permitindo até mesmo o crescimento lento de bactérias após seu uso.

“Os vidros de borofosfato apresentam potencial para serem aplicados como substitutos na produção de formulações de hidrogel em substituição ao álcool proporcionando uma alternativa de gel não inflamável, por exemplo”, destacam no estudo.

O artigo também contou com a participação de pesquisadores da UTFPR, Rafael Bini, da Universidade Estadual da Paraíba, Rodrigo J. de Oliveira, e da Universidade de Brasília, Jorlandio Felix.