Evento nacional discute os desafios para a popularização do conhecimento científico e a interiorização dos centros e museus de ciências
Como atrair mais visitantes para os centros e museus de ciências em todas as regiões do Brasil, estejam na capital, litoral ou interior, sem uma política pública que invista e valorize estes espaços como agentes de transformação social? Como tornar os museus protagonistas e estratégicos para o fortalecimento da educação científica, da cultura museal e da articulação entre instituições de todo o país?
Estes são alguns dos desafios que os participantes do V Encontro Nacional da Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciências (ABCMC), que começou hoje, 12, em Maringá, noroeste do Paraná, e reúne gestores e coordenadores de centros e museus de ciências, trabalhadores, pesquisadores, professores e alunos que vivem o dia a dia da luta que é divulgar e popularizar a ciência no país.
O evento vai até dia 14 e tem como anfitrião o Museu Dinâmico Interdisciplinar (MUDI), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), e a parceira do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação – NAPI Paraná Faz Ciência, contando com a participação de mais de 200 inscritos vindos de 13 estados e representando 45 instituições, centros e museus de ciências. Serão apresentados 135 trabalhos nas modalidades oral e bando, abordando temas como itinerância, acervo, curadoria, práticas inclusivas, comunicação digital, formação docente, ações comunitárias, entre outros.
O V Encontro terá 20 horas de programação científica, mais 14 sessões de trabalhos orais e duas sessões de apresentação de banners, somando mais de 52 horas de atividades. Toda a programação está sendo transmitida, ao vivo, no canal do Youtube da ABCMC.
O tema central desta edição é ‘O papel dos Centros e Museus de Ciências na consolidação da interiorização da divulgação e popularização científica’. A ideia é fomentar reflexões, debates e ações inovadoras no campo da popularização da ciência em sua interface com os museus de ciências, além de reunir profissionais e pesquisadores de diversos centros e museus de ciência.
Itinerância
A presidenta da ABCMC, Andréa Fernandes Costa, na palestra de abertura, disse que é fundamental diminuir as desigualdades em relação à presença de museus pelo país, melhorar a acessibilidade e mecanismos de inclusão, bem como pensar na itinerância como estratégias para alcançar novos públicos.
“É preciso pensar em levar para o interior o que tem nas capitais, levar para o interior e que encontro no litoral. Mas é preciso olhar também pra realidade das capitais e pensar uma distribuição menos desigual, que faz com que grande parte da população se concentra em cidades de grande porte, em capitais. Mas essa população, que a princípio com números absolutos tem uma boa oferta de museus, tem dificuldade de acessar esses equipamentos porque eles tendem a se concentrar nas regiões mais ricas das cidades, nos bairros menos habitados”, alerta.
Outro gargalo a ser enfrentado pelo segmento é a escassez de recursos humanos e financeiros para atividades cotidianas dos espaços museais, o que impede a abertura de novos espaços e a implantação de projetos de itinerâncias, que levam partes do acervo a localidades onde não há museus.
“A gente precisa construir museus, fomentar a sua itinerância dos museus já existentes, me referindo o que o George Wagensberg dizia: a principal missão dos museus é promover o estímulo. O museu é insubstituível no estado mais importante do processo cognitivo, que é justamente o início, saindo em diferença para a vontade de aprender. Então, o museu faz com que vocês saiam da indiferença para a vontade de aprender, abrindo portas e janelas para o conhecimento”, citou.
De acordo com um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), são 4 mil museus registrados no Brasil, mas 31,4 % da população brasileira mora em municípios sem ou ao menos uma instituição museal, onde apenas 1.649 municípios contam com museus.
“Temos muito caminho pela frente e, pensar o papel dos centros e museus de ciência na consolidação da interiorização e da divulgação e popularização científica no nosso país, passa também por pensar como esses museus e centros de ciência se fazem ou não se fazem presentes nesse interior do nosso país”, afirma Andréa.
Ciência e Cidadania
A professora da UEM, Débora de Melo Sant’Ana, coordenadora do V Encontro e, que também representa a Fundação Araucária, enfatizou aos participantes o esforço da ABCMC e dos profissionais da área com a popularização da ciência para a realização do evento. “Nosso compromisso é a valorização da memória científica e a construção de políticas públicas que reconheçam os museus e centros de ciência como espaços vivos de aprendizagem, inclusão e cidadania”, afirmou.
Para Débora, é uma satisfação realizar o encontro na cidade de Maringá, no coração do Paraná. “Nossa cidade é reconhecida por sua qualidade de vida, planejamento urbano e compromisso com a educação e com a cultura. É uma cidade que respira inovação e que acolhe com generosidade iniciativas voltadas à ciência, à inclusão e à formação cidadã”.
O reitor Leandro Vanalli lembrou que a UEM está comemorando 55 anos em 2025 e como o evento é de suma importância para a memória da ciência produzida na instituição. “A UEM como protagonista regional de desenvolvimento e tantos Arranjos de Inovação, os NAPIs, tem mostrado à sociedade regional a importância da memória, a valorização da pesquisa e a transmissão conhecimento”, ressaltou.
Em sua intervenção na abertura, Rodrigo Arantes Reis, coordenador do NAPI Paraná Faz Ciência e do Laboratório Móvel de Divulgação Científica (LabMóvel), da Universidade Federal do Paraná (UFPR), enalteceu o momento único que o Paraná vive com a valorização da ciência, especialmente a que conta com a participação cidadã. “Temos a Rede de Clubes de Ciências, Rede de Museus e Redes de Feiras graças a investimentos em divulgação e popularização da ciência”.
Para Rodrigo, o crescimento exponencial da Rede de Museus, que já conta com 15 e tem potencial para mais adesões, é motivo de felicidade. “Temos uma parceria com o NAPI Conectando Memória e Inovação, que tem feito um trabalho de digitalização de diversos espaços e acervos museológicos”, completa.
Em 2025, o Museu Dinâmico Interdisciplinar da UEM completa 40 anos e está entre os museus mais visitados do país, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Para o diretor do museu, Celso Ivam Conegero, a realização do evento é um momento especial, de festa, agradecendo a todos os apoiadores e parceiros para tornar o encontro possível.
“Cada um de nós que está aqui para discutir os desafios que temos acredita na popularização da ciência para levar o conhecimento à população em geral e transformar a sociedade”, salientou.
Itinerância
A presidenta da ABCMC, Andrea Fernandes Costa, em sua palestra de abertura, disse que é fundamental diminuir as desigualdades em relação à presença de museus pelo país, melhorar a acessibilidade e mecanismos de inclusão, bem como pensar na itinerância como estratégias para alcançar novos públicos.
“É preciso pensar em levar pro interior o que tem nas capitais, levar pro interior e que encontro no litoral. Mas é preciso olhar também pra realidade das capitais e pensar uma distribuição menos desigual, que faz com que grande parte da população se concentra em cidades de grande porte, em capitais, mas essa população, que a princípio com números absolutos tem uma boa oferta de museus, tem dificuldade de acessar esses equipamentos porque eles tendem a se concentrar nas regiões mais ricas das cidades, nos bairros menos habitados”, alerta.
Outro gargalo a ser enfrentado pelo segmento é a escassez de recursos humanos e financeiros para atividades cotidianas dos espaços museais, o que impede a abertura de novos espaços e a implantação de projetos de itinerâncias, que levam partes do acervo a localidades onde não há museus.
“A gente precisa construir museus, fomentar a sua itinerância dos museus já existentes, me referindo o que o George Wagensberg dizia: a principal missão dos museus é promover o estímulo. O museu é insubstituível no estado mais importante do processo cognitivo, que é justamente o início, saindo em diferença para a vontade de aprender. Então, o museu faz com que vocês saiam da indiferença para a vontade de aprender, abrindo portas e janelas para o conhecimento”, citou.
Programação
No período da tarde do primeiro dia do evento, aconteceu uma sessão paralela de apresentação oral de trabalho e de banners, seguido da palestra ‘Museus de Ciências em espaços virtuais: democratização e desafios’, com Frieda Maria Marti e Renê Wagner Ramos, da Remup. O dia acabou com a palestra ‘Ciência e Teatro — Teatro Científico’. com o Grupo de Teatro Científico da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG).
Confira a programação completa do V Encontro Nacional da Associação Brasileira de Centros e Museus de Ciências e acompanhe no canal do Youtube da ABCMC as atividades ao vivo.