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NAPIs discutem indicadores de projetos de C&T

Por: Ana Paula Machado Velho

Três grupos expuseram suas pesquisas para definir formas de avaliar ações de divulgação da ciência e investimentos em inovação e tecnologia


O II Encontro de Grupos de Estudo e Pesquisa em Políticas Públicas e Indicadores de CT&I no Paraná ocorreu, nesta quarta-feira (30), de forma remota. O evento marcou as discussões da criação de indicadores que possam medir a força da valorização da ciência e da cultura científica do nosso Estado. Participaram membros de diferentes Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação (NAPIs) e projetos financiados pela Fundação Araucária.

Vinte seis pessoas estiveram no ambiente on-line, que foi aberto para as apresentações dos pesquisadores e professores presentes. As primeiras palavras foram do professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Rodrigo Reis, também articulador do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) – Paraná Faz Ciência. Ele agradeceu a participação de todos e aos organizadores, na pessoa da Cibeli De Biasi, pós doutoranda da UFPR. Falou da importância de discutir as ações de CT&I paranaenses e seus resultados, e convidou a primeira palestrante a professora Marília de Souza.

Marília apresentou o projeto que ela coordena como pesquisadora vinculada à Fundação Araucária: Research Design – Análise de Políticas Regionais e Nacionais de CT&I Associadas a Estudos de Futuro e Planejamento Prospectivo. A equipe de Marília desenvolveu um modelo conceitual de análise de políticas públicas na área de ciência e tecnologia, analisando artigos e políticas nacionais e internacionais, em parceria com o Canadá.


“Esse trabalho é importante, porque nós precisamos ter políticas de perspectiva de longo prazo e com disrupções. Não podemos investir equivocadamente nas ações desta área, que demoram para serem implementadas e demandam muitos recursos. Além disso, elas precisam estar alinhadas ao que está acontecendo no mundo”, destacou a professora.

Os resultados da pesquisa do NAPI serão apresentados em Seminários, que serão realizados entre 16 e 23 de maio. A organização é do Programa de Pós-Graduação em Gestão de Tecnologia, da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). “A ideia é que nosso instrumento possa ajudar os processos de elaboração de políticas de CT&I do Estado. Vamos disponibilizar para os desenvolvedores destas políticas”, completa Marília.

Cibele De Biasi, em seguida, apresentou o trabalho que vem desenvolvendo no pós-doutorado, que tem como tema Indicadores de Avaliação do NAPI PRFC. Segundo ela, a avaliação em andamento contribui para o desenvolvimento de políticas que respondam às necessidades dos cidadãos.

“Também atende à Emenda Constitucional 108, de 2021, que exige a avaliação de políticas em todos os estados com a divulgação de resultados, já que os indicadores representam e quantificam o desempenho, os resultados destas políticas”, destacou De Biasi.

A pesquisadora esclareceu que está avaliando a eficiência, a eficácia e a efetividade das ações do NAPI PRFC em geral e parte de seus projetos: os Clubes de Ciências, as Feiras de Ciências e os Museus de Ciências vinculados ao Arranjo.


Cibele explicou, enfim, a metodologia do trabalho de levantamento de indicadores quantitativos e qualitativos do NAPI PRFC, que tem como núcleo duro a divulgação científica. Os resultados também serão foco de outro evento, a ser organizado em breve, assim como dados gerados por outros projetos incluídos na investigação de Cibele como a Pesquisa de Percepção de CT&I, que está sendo realizada pelo PRFC e é tema da investigação de pós-doutorado de Tamara Domiciano, na UFPR.

Deborah Bernett abriu a apresentação do NAPI Gestão e Difusão de CT&I. Resumindo, disse que a equipe traria a descrição da metodologia adotada pelo projeto que vem sendo implementado para o levantamento de dados sobre os NAPIs, um dos objetivos do Arranjo, coordenado pela professora Deborah.

Em seguida, o professor da UFPR, Armando Heilmann, contou a história da metodologia adotada pelo NAPI, que é baseada em uma proposta da Nasa, dos anos 70, quando a Agência precisava medir o nível de maturidade tecnológica dos seus projetos. Esse instrumento foi ampliado pela Suécia sob uma perspectiva sócio tecnológica. Surgiu o instrumento KTH (sigla sueca).

“O NAPI então criou um framework baseado no KTH para dar conta de um dos objetivos da equipe, que é avaliar os indicadores dos Arranjos que já estão em execução. Essa tecnologia vai nos permitir entender a perspectiva atual e projeção futura de cada NAPI”, resume o professor Armando.

Caroline Coradassi, no entanto, explicou que também vem sendo necessário um trabalho para determinar, definitivamente, os indicadores que serão inseridos no framework, que ainda está em fase de ajustes.

“Fizemos levantamento bibliográfico focando abordagens multicritérios para definir os indicadores que podem gerar dados qualitativos e quantitativos. Hoje, temos uma lista de 88 indicadores e vamos aplicar uma fórmula para selecionar aqueles com os quais vamos definitivamente trabalhar”, detalhou Caroline.


“A ideia é que esse framework seja oferecido aos NAPIs para que possam avaliar seus processos e resultados. Um instrumento de gestão para os Arranjos”, acrescentou o professor Armando.

Considerações finais

Encerrando as atividades, Rodrigo Reis salientou a importância do evento, destacando que abrange um universo importante do cenário da C&T no Paraná. Segundo ele, a programação trouxe considerações que abarcam desde a avaliação de políticas da área no Estado, conteúdo apresentado pela professora Marília; passou pelo levantamento de indicadores com foco nos NAPIs, por meio da participação da Cibele e da equipe da professora Deborah; e ainda foi dado espaço para a temática de um NAPI em especial, o PRFC, procurando ver como as ações e as análises sobre ele podem ser construídas e avaliadas.

“Queria destacar a importância desse nosso trabalho em sinergia e deixar isso como uma agenda para que possamos realmente criar oportunidades de interagir; isto é, para que possamos trabalhar em conjunto mais de perto para oferecer instrumentos e informação para o governo do Estado e até para o Ministério [Ministério de Ciência, Tecnologia e Informação – MCTI]”, sugeriu Reis.

A articuladora do NAPI PRFC, Débora Sant’ Ana, lembrou aos colegas do Arranjo que, em breve, será possível utilizar muitas informações que foram levantadas durante o workshop. Está agendado para 13 de junho, um evento similar interno.

“Os líderes de grupo dos nossos projetos podem se preparar pensando nos indicadores que foram discutidos aqui. Não podemos perder essas informações relevantes que foram apresentadas. Vamos aproveitar essas sugestões muito importantes para discutirmos as formas de avaliar o nosso NAPI”, concluiu a professora Débora Sant’ Ana.

Por fim, a convidada do evento, a professora da Universidade Federal do Pará (UFPA) e um nome importante do cenário da divulgação científica do país, Maria Ataíde Malcher, pediu a palavra. Segundo ela, o PRFC é uma experiência inédita no Brasil que precisa dar certo.

“Temos que fazer e vou ajudar em tudo para esse projeto dar certo. O exemplo de vocês aponta direções e nos dá força para caminharmos em temas muito importantes. Falei isso numa reunião do CNPq. Importância de replicar essa experiência do PRFC em outras regiões do Brasil. Mas isso só vai dar certo se a gente consegui se integrar. Entender que o conhecimento só vai avançar se a gente trabalhar junto. Estou falando com vocês daqui da Amazônia, está complicado criar laços com outras localidades. E eu entendo que esse processo de vocês é um aceno de esperança para várias questões. Esse evento é um exemplo de sinergia e integração que vocês promovem. Agradeço por ter participado desta conversa. Vocês são uma grande injeção de ânimo para o trabalho da gente”, concluiu Ataíde.