Plataforma i-Araucária conquista prêmio em evento internacional. Foto: Geraldo Bubniak/AEN

A plataforma digital i-Araucária, que permite identificar e localizar pesquisadores cadastrados na plataforma Lattes, do CNPq, além de suas produções científicas e técnicas, conquistou o 1° lugar no Prêmio de Excellence Awards, no 9th Knowledge Management and Intellectual Capital Conference (ECKM). O evento, maior da Europa na área de capital intelectual e gestão do conhecimento, foi realizado na sede do Instituto Universitário de Lisboa, Portugal, na última semana.

Atualmente a i-Araucária permite acesso ao currículo de mais de 390 mil doutores brasileiros e possui cerca de 4 mil pesquisadores cadastrados interagindo na plataforma. Possibilita também a busca por diferentes perfis de formação e de atuação de pesquisadores, além de informações do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e a identificação da infraestrutura na qual eles atuam, como universidades, laboratórios ou centros de pesquisa.

O trabalho apresentado e premiado no evento tem o título Fostering Innovation Ecosystems Through Knowledge Coproduction: The case of NAPI Program in Paraná, Brazil (Fomentando ecossistemas de inovação por meio da coprodução de conhecimento: o caso do Programa NAPI no Paraná, Brasil) e apresenta o projeto de concepção, desenvolvimento e aplicação da plataforma i-Araucária, desenvolvida para apoiar a Fundação Araucária no planejamento e fomento de ciência, tecnologia e inovação no Paraná.

A premiação foi recebida pelo diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária e coautor do trabalho, Luiz Márcio Spinosa, e por professores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e pesquisadores do Instituto Stela.

“Com base nas informações acessadas na i-Araucária forças-tarefas podem ser criadas para desenvolvimento das pesquisas de interesse do Estado. Estas forças-tarefas constituem elemento essencial para criação dos Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação (NAPIs) e, desta forma, direcionam o fomento à pesquisa aplicada pelo fortalecimento das Parcerias Público-Privada”, destacou o diretor.

Segundo Spinosa, outros 14 estados já manifestaram interesse em utilizar a solução em suas fundações estaduais de amparo à pesquisa.

A i-Araucária tem base na plataforma Inteligentia do Instituto Stela, que dispõe de diversos sistemas de informação para apoio a tomada de decisão e coprodução de comunidades. A concepção dos coletivos e dos processos de coprodução para CT&I tem a autoria dos pesquisadores da Fundação Araucária e do Programa de Pós-graduação em Engenharia, Gestão e Mídia do Conhecimento da UFSC (EGC).

As informações do Waze for Cities são sincronizadas com um mapa da cidade que mostra os principais pontos e horários de congestionamento

Congestionamento de trânsito é uma realidade enfrentada diariamente por motoristas. E o problema não é novo: o primeiro engarrafamento teria sido registrado 1921, nos Estados Unidos. Essa dificuldade, presente hoje em cidades de todos os portes, levou à criação de aplicativos de navegação, como o Waze, que têm solucionado, ou ao menos amenizado, o problema. Mas, além de serem úteis como soluções individuais, os aplicativos de navegação podem ser usados também na gestão da mobilidade urbana. Captar, extrair e transpor esse tipo de dados é o objetivo de uma ferramenta que vem sendo desenvolvida pelo grupo de pesquisa em Mobilidade e Matriz Energética da UNILA.

Com o acesso ao Waze for Cities – dados de trânsito fornecidos para a gestão de trânsito – e utilizando a linguagem Python (para computador), o estudante de Engenharia de Energia João Gabriel de Souza Mesquita, integrante do grupo, une as informações geradas a partir dos usuários do aplicativo a um mapa georreferenciado desenvolvido pelo docente de Geografia Diego Flores, que também faz parte do projeto.

Os dados são captados em um computador de configuração avançada por um período determinado (de 24h a 72h, por exemplo) – e sincronizados com o mapa. “É como se fosse uma fotografia daquele período, só que registrada em dados. A cada momento, a cada relatório, os dados vão me dizer qual é o local de engarrafamento, qual é a velocidade média, qual é o comprimento do engarrafamento, a posição exata. O diferencial, então, é que podemos fazer análises estatísticas e oferecer ao município”, detalha João. “É uma forma de otimizar e possibilitar a melhora dos pontos de congestionamento em uma cadeia”, completa o também estudante de Engenharia de Energia Gabriel Soares, que encabeça a empresa júnior Energética, à qual está ligado o projeto que pode tornar-se, futuramente, um produto a ser oferecido.

Mapa mostra a média de velocidade nas principais vias no dia 24 de julho, entre as 18h e 19h

“Essa não é uma ferramenta para o usuário final. Essa é uma ferramenta para a gestão de trânsito da cidade”, reforça o docente Ricardo Hartmann, coordenador da pesquisa. Por isso, o projeto tem parceria da Foztrans e da Guarda Municipal, responsável pelo Programa Vida no Trânsito em Foz do Iguaçu. Este tipo de trabalho já é desenvolvido em Joinville (SC), entre a UFSC e Secretaria de Pesquisa e Planejamento Urbano (Sepur), exemplifica ele.

O pesquisador lembra que “analisar a evolução histórica e tecnológica das cidades contemporâneas” é uma atividade de pesquisa que envolve diversas áreas de conhecimento e que o trabalho de planejamento e mobilidade urbana exige uma equipe multidisciplinar – engenheiros, geógrafos, arquitetos entre outros. Por isso, a parceria entre universidades e o poder municipal é uma solução possível para a busca de estratégias que melhorem o trânsito. “Não há como haver planejamento urbano sem uma boa equipe. Ao mesmo tempo, a parceria nos ajuda a fazer pesquisa e ensino de qualidade”, destaca Hartmann.

 Vídeo mostra o trânsito durante 24h:

Camadas

O trabalho está em sua primeira fase, que é o desenvolvimento da ferramenta em si – a transposição dos dados de trânsito para o mapa da cidade. Nas próximas etapas, serão adicionadas “camadas” que irão indicar em quais pontos existem lombadas, geradores de trânsito (escolas, igrejas), semáforos entre outros aspectos. “A ideia é que esses dados cheguem à Foztrans e à Guarda Municipal e que eles tenham numa sala de controle todas essas camadas”, pontua Hartmann. Após, serão adicionados algoritmos para o cálculo de consumo de combustível, custo e emissões de CO2 causados pelos congestionamentos, que estão sendo desenvolvidos dentro das pesquisas de nosso projeto com Termodinâmica das Cidades”, completa. O relatório com os primeiros resultados obtidos com o mapeamento será divulgado no Fórum Nacional de Secretários e Dirigentes de Mobilidade Urbana, que será realizado nos dias 13 e 14 de setembro, em Foz do Iguaçu. 

O trabalho desenvolvido pelo grupo de pesquisa da UNILA irá complementar dados que o município já dispõe para a gestão do trânsito, diz o diretor-presidente da Foztrans, Fernando Maraninchi. “[O trabalho] demonstra a necessidade de se continuar investindo cada vez mais em mobilidade urbana. Não é só colocar ônibus, é principalmente, abertura de vias e um planejamento urbano sustentável”, comenta, lembrando que existem muitos vazios urbanos na cidade que trazem prejuízos ao desenvolvimento do município. “Esses loteamentos são construídos, cada vez mais, distantes do centro”, diz, o que provoca diferentes problemas de mobilidade e exigem abertura de vias, por exemplo. Segundo ele, os dados iniciais obtidos com o projeto foram repassados para outras instâncias, como a Engenharia de Trânsito, para possíveis alterações no sistema atual, como implantação de semáforos ou ampliação de tempo semafórico e a colocação de faixas elevadas. “Vimos com bons olhos essa parceria com a UNILA e o acredito que teremos bons frutos.”

Gabriel e Ricardo: ferramenta para o planejamento

Para o coordenador de Trânsito da Guarda Municipal e do Programa Vida no Trânsito em Foz, Gerson Rodrigues Vieira, o uso da tecnologia a ser disponibilizada pelo estudo pode contribuir para a redução do número de acidentes. “A tecnologia está aí e temos de aproveitar tudo que pudermos para beneficiar a população”, comenta citando como exemplo a realização de estudos de viabilidade para a construção de passarelas, ciclofaixas, abertura de ruas e interligação de bairros. “O uso de aplicativos e de ferramentas pode contribuir significativamente na redução de acidentes e desobstrução do trânsito em todas as regiões”, reforça, lembrando que os pontos mais críticos de congestionamento estão próximos à Ponte da Amizade, acessos aos atrativos turísticos e BR-277. “Temos hoje uma única entrada para a cidade e isso acaba gerando um fluxo maior.”

Com apoio do Estado, empresa cria tecnologia que rastreia trajetória das roupas

Para avançar contra a pirataria de roupas, a empresa R-Inove Soluções Têxteis, com sede em Maringá, no Noroeste do Estado, criou um equipamento que imprime um código binário no fio antes dele se tornar uma malha ou um tecido. A tecnologia é uma das propostas aprovadas na segunda edição do Programa de Subvenção Econômica de Apoio à Inovação e ao Desenvolvimento Tecnológico em Empresas – Tecnova Paraná, da Fundação Araucária e Finep, que incentiva ideias inovadoras.

Esse código permite mapear o histórico do produto, desde a origem da matéria-prima até a etapa produtiva. Ele é inserido no fio por uma tecnologia desenvolvida pela própria empresa. A leitura pode ser feita com QR Code (em peças novas, o código fica na etiqueta) ou por meio de um aplicativo, que permite identificar, com luz ultravioleta, a existência do código em peças usadas. Os testes feitos até o momento mostram que há permanência do código sobre o artigo têxtil, mesmo com uso prolongado ou lavagem. A proposta recebeu R$ 259 mil do Tecnova.

Segundo a engenheira têxtil Micheline Maia Teixeira, da R-Inove, apesar de ser um grande gerador de emprego e renda, o setor têxtil ainda tem grandes desafios. “O setor tem dificuldade de separar o verdadeiro do falso, o reaproveitamento das sobras têxteis jogadas em aterros sanitários, a mão de obra justa daquela que é escrava ou infantil. Quem está lá na loja comprando não sabe a origem do produto e por quais mãos passou. É esse conceito que queremos mudar”, explica.

“Por isso a importância do código no tecido. Se fosse uma marca d’água na malha, poderíamos perder a rastreabilidade, além da facilidade de cópia. Com o código do tecido temos segurança em todo o processo”, complementa.

Segundo ela, participar do Tecnova II foi um divisor de águas. “Sem os recursos do programa não teríamos conseguido chegar onde chegamos. Hoje temos um aplicativo robusto já na loja da Play Store e que está sendo implementado na Apple Store”, acrescenta Micheline.

Outro ponto que atesta a perenidade da ideia é o teste do código no segmento de produtos técnicos, que fornecem tecidos para a fabricação de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). O processo para que o produto esteja em conformidade para proteger o trabalhador da linha de frente, como os que atuam em linhas energizadas ou em plataformas de petróleo, tem alto custo, o que exige controle contra a falsificação.

“Essa é uma linha de produtos em que o acabamento têxtil é muito agressivo. São quase 10 horas de tingimento, depois a mesma quantidade de horas para acabamentos específicos para que ele se torne um tecido antichamas ou anti-arco elétrico. E nós conseguimos implementar dentro do fio têxtil desta linha de produtos o código binário e ele conseguiu chegar ao final intacto”, explica Micheline.

A tecnologia também já começou a ser usada no mercado comum. Há 17 anos no mercado, a Brand Têxtil, de São Paulo, foi a primeira indústria têxtil a ter um tecido em viscose rastreável em todas as etapas. “Essa inovação só foi possível por conta da nossa parceria com a R-Inove. Não existe nada semelhante com essa tecnologia no mercado, o que nos deixou bem empolgados, agregando valor ao nosso produto e demonstrando, mais uma vez, a transparência em nossos processos”, ressaltou Bruna Vianna, responsável pela área de sustentabilidade e exportação da marca.

TECNOVA – O Tecnova Paraná tem como foco estimular e promover a inovação tecnológica em microempresas e empresas de pequeno porte no Estado. Surgiu da união de esforços para promover e incentivar a inovação tecnológica em áreas estratégicas, por meio de mecanismos de cooperação entre o setor público, privado e as instituições de pesquisa e desenvolvimento.

Ele é resultado de uma parceria do Governo do Estado, por meio da Fundação Araucária, com a Finep, vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Foram investidos R$ 9,5 milhões no programa para 25 projetos de inovação tecnológica. A terceira edição deve ser lançada pela Fundação Araucária no final de 2023.

“O Tecnova faz parte do Programa Startup Life, iniciado em 2019, e é mais um esforço no sentido de apoiar nossas startups no momento inicial de sua composição, que costuma ser crítico. Entendemos que o sucesso de uma startup resulta em criação de riqueza e bem-estar para nossa população”, afirmou o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária Luiz Márcio Spinosa.

Rita de Cássia dos Anjos, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) no Setor Palotina, foi anunciada, nesta quinta-feira (6), como a vencedora da primeira edição do Prêmio Anselmo Salles Paschoa, criado pela Sociedade Brasileira de Física (SBF) para homenagear pesquisadores negros da área de Física, em início de carreira, cujo trabalho de pesquisa tenha contribuído de forma significativa para o avanço da Física ou do ensino da disciplina no Brasil. O prêmio será celebrado em reunião on-line da Assembleia Geral Ordinária da SBF, a ser realizada no dia 19 de julho, às 9 horas.

Com graduação em Física Biológica, mestrado e doutorado em Física e pós-doutorado em Astrofísica na Harvard-Smithsonian Center for Astrophysics, Rita de Cássia é uma astrofísica especialista em raios cósmicos e raios gama. Ela tem atuação marcante em projetos internacionais como o do Observatório Pierre Auger, na Argentina, e o Cherenkov Telescope Array (CTA), telescópios que estão sendo construídos no Chile e nas Ilhas Canárias, na Espanha, que estudarão os raios gama que chegam até a Terra para analisar eventos extremos do universo. Além de ser uma importante cientista mulher, Rita é uma cientista negra que ganhou destaque na ciência apesar do racismo estrutural no Brasil.

Foto: Arquivo pessoal

Em sua carta ao comitê avaliador do prêmio, a professora destaca que suas contribuições científicas revelam seu empenho desde a graduação. “Sinto-me uma negra especial diante de todas as oportunidades que tive na minha carreira científica. Que mais negros e negras sejam reconhecidos em nosso país e as assimetrias e desigualdades possam diminuir. Com meu trabalho como docente, pesquisadora e orientadora, espero tornar o futuro de nossos pequenos negros e negras um pouco mais esperançoso e mais leve”.

Ela afirma que o prêmio mostra a importância da diversidade racial na ciência brasileira. “Ainda somos poucos em muitos espaços e as iniciativas à diversidade emergem como possibilidade de muitos negros e negras desenvolverem-se no Brasil. Para mim, foi uma grande alegria e conquista ter ganhado o prêmio nesta primeira edição. Hoje tenho a possibilidade de fazer pesquisa em centros de excelência e espero que em um futuro próximo esta realidade seja de muitos jovens negros”.

Em 2020, a pesquisadora venceu o prêmio Programa para Mulheres na Ciência, promovido pela L’Oréal Brasil, Unesco Brasil e Academia Brasileira de Ciências e, em 2021, tornou-se membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências. A grande inspiração de Rita foi a mãe, Antonia, que fez questão de insistir na importância de descobrir como o mundo funciona. Leia mais sobre a trajetória da astrofísica aqui.

Prêmio Anselmo Salles Paschoa

O prêmio é uma homenagem ao professor a Anselmo Salles Paschoa, que se graduou em Física pela antiga Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), com Mestrado em Radiological Health e PhD em Nuclear Sciences and Engineering pela New York University.

Ele atuou como professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, foi professor visitante da University of Utah e cientista convidado no Brookhaven National Laboratory, na década 80. Paschoa ainda foi diretor de Radioproteção, Segurança Nuclear e Salvaguardas da Comissão Nacional de Energia Nuclear. Foi governador alternativo do Brasil na Junta de Governadores da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), vice-presidente da International Radiation Physics Society e diretor da Natural Radiation Environment Association.

O cientista publicou dezenas de artigos, livros e capítulos de livros. Orientou teses de doutorado e dissertações de mestrado. Faleceu em 2011, após uma crise cardíaca durante uma reunião da Comissão de Acompanhamento do Programa Nuclear Brasileiro, na sede da SBF.

Secretaria da Inovação planeja parceria com UEPG para digitalização de peças de museu

A Secretaria Estadual da Inovação, Modernização e Transformação Digital (SEI) está planejando estabelecer uma colaboração estratégica com a Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG) em projetos que promovem a inovação, a sustentabilidade e desenvolvimento educacional.

Um deles é para o desenvolvimento de soluções que permitam a digitalização e a impressão 3D de réplicas das peças do acervo do Museu de Ciências Naturais, viabilizando sua exposição naquele espaço. O espaço foi concebido em projetos de extensão que envolviam os temas geodiversidade e biodiversidade e é palco para a integração de pesquisa, ensino e extensão no que se refere às ciências de natureza.

“Dessa forma, as peças originais poderão ser armazenadas em condições ideais, evitando sua deterioração ao longo do tempo”, ressalta o assessor técnico da SEI, Márcio Hauagge.

Ele explica que uma das áreas de atuação da SEI envolve as parcerias estratégicas com as universidades para impulsionar o desenvolvimento tecnológico e promover a preservação do patrimônio cultural e científico do Estado. “Estamos comprometidos em fornecer apoio técnico e incentivar projetos inovadores que tragam benefícios significativos à sociedade paranaense”, diz Hauagge.

Outro projeto com a UEPG consiste em uma parceria com o Departamento de Engenharias de Materiais da instituições, com o objetivo de aprimorar a reciclagem de peças impressas em 3D. Através da aplicação de conhecimento técnico especializado de profissionais da própria Secretaria da Inovação, será oferecido suporte e assistência aos professores envolvidos no projeto.

Além disso, a equipe técnica da SEI já realizou uma visita à Usina Termoelétrica a Biogás, em Ponta Grossa. É um espaço vinculado à prefeitura da cidade. Essa visita teve como objetivo conhecer a estrutura da usina e compreender os investimentos realizados para a execução do projeto.

Inaugurada no início de 2021, a usina recebe resíduos orgânicos e os transforma em biogás, através do processo de biodigestão. O biogás gerado está sendo utilizado para alimentar motogeradores, que produzirão energia elétrica, injetada diretamente na rede da Copel.

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O Governo do Estado prorrogou até 30 de junho o prazo para apresentação de propostas de empresas, cooperativas, startups, municípios e outras organizações que buscam financiamento para projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D). A chamada pública envolve recursos da ordem de R$ 20 milhões não reembolsáveis do Fundo Paraná, dotação gerenciada pela Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) para o fomento científico e tecnológico paranaense.

A iniciativa tem amparo no Programa de Estímulo às Ações de Integração Universidade, Empresa, Governo e Sociedade, denominado Agência de Desenvolvimento Regional Sustentável e de Inovação (Ageuni). Serão apoiados projetos em cinco áreas: agricultura e agronegócios; biotecnologia e saúde; energias renováveis; cidades inteligentes; e economia, educação e sociedade. As propostas devem ser fundamentadas na transformação digital e no desenvolvimento sustentável.

Do montante anunciado, R$ 6 milhões serão destinados para microempresas e empreendedores individuais; R$ 4 milhões para empresas de pequeno e médio porte, e R$ 5 milhões para grandes empresas. Outros R$ 5 milhões serão aplicados em projetos apresentados por municípios, cooperativas e outras organizações com e sem finalidade lucrativa. Cada projeto pode ter o valor máximo de até 10% do total previsto para a respectiva categoria.

Segundo o coordenador de Ciência e Tecnologia da Seti, Marcos Aurélio Pelegrina, o intuito é incentivar o desenvolvimento socioeconômico, agregar tecnologia aos processos de produção de bens e serviços e aumentar a competitividade empresarial paranaense.

“No Estado do Paraná, entendemos que o investimento em ciência e tecnologia é uma estratégia competitiva que pode diferenciar as nossas empresas nos mercados local, regional e até nacional, permitindo que esses agentes produtivos cresçam e se desenvolvam em um ambiente cada vez mais inovador”, diz Pelegrina. “Nós acreditamos que a tecnologia pode e deve ser usada como uma ferramenta para atender as necessidades e as demandas dos cidadãos e dos consumidores em geral”, destaca.

CRITÉRIOS – Entre os critérios para receber o apoio financeiro do Estado, os proponentes devem ter registro no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica (CNPJ) no Paraná e articular as propostas com as unidades da Ageuni nas universidades estaduais. A duração dos projetos será de dois anos, com possibilidade de prorrogação por mais seis meses. Os projetos de P&D serão financiados por meio de acordos de parceria e cooperação estabelecidos com as instituições estaduais de ensino superior.

Confira os câmpus acadêmicos onde estão localizadas as unidades da Ageuni:

Universidade Estadual de Londrina (UEL)

Londrina – ageuniaintec@uel.br

Universidade Estadual de Maringá (UEM)

Maringá – ageuni@uem.br

Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)

Ponta Grossa – ageuni.agipi@uepg.br

Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste)

Cascavel – ageuni@unioeste.br

Francisco Beltrão – ageuni@unioeste.br

Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro)

Guarapuava – ageuni.novatec@unicentro.br

Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP)

Jacarezinho – ageuni@uenp.edu.br

Universidade Estadual do Paraná (Unespar)

Campo Mourão – ageuni2campomourao@unespar.edu.br

Paranaguá – ageuni1paranagua@unespar.edu.br

Lançou nesta quarta-feira (10)

Estão abertas as inscrições para a terceira edição do Programa de Propriedade Intelectual com Foco no Mercado (Prime). A iniciativa do Governo do Estado, por meio da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e da Fundação Araucária. O edital é destinado a pesquisadores de instituições de ensino superior e de pesquisa científica e tecnológica do Paraná, incluindo professores, estudantes e profissionais da carreira técnica administrativa. As inscrições são online e vão até 4 de junho, com limite de 150 vagas para a primeira fase do programa.

Em 2023, o Prime terá premiação de incentivo científico no valor de R$ 1 milhão, sendo R$ 200 mil para cada finalista. Os recursos são oriundos do Fundo Paraná de fomento científico e tecnológico. As atividades serão desenvolvidas ao longo de cinco meses em formato remoto, com previsão de início em 7 de junho.
O objetivo do Prime é prospectar pesquisas acadêmicas com potencial mercadológico para transformar os resultados científicos em produtos, serviços e novos negócios. Os prêmios em dinheiro serão aplicados integramente no desenvolvimento das tecnologias propostas pelos pesquisadores, contribuindo para o fortalecimento da propriedade intelectual e da cultura empreendedora.

O programa consiste em trilhas de qualificação para pesquisadores, com foco no desenvolvimento de habilidades e competências para negócios. Para desenvolver e aplicar o conteúdo, a ação conta com a colaboração do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Paraná (Sebrae/PR).
SEGUNDA ETAPA – Para a segunda etapa da jornada serão selecionados 20 participantes da fase inicial. O critério para concorrer a essas vagas será a comprovação do depósito ou registro de patente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

O secretário estadual da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Paraná, Aldo Nelson Bona, reforça a importância de incentivar a cultura empreendedora para que os resultados de pesquisas alcancem o mercado e beneficiem a população e do desenvolvimento econômico e social. “A finalidade do Prime é capacitar os pesquisadores para se tornarem empreendedores e licenciar as ideias protegidas para gerar negócios, emprego e renda, contribuindo com o desenvolvimento socioeconômico do Paraná”, afirma.

O diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa, explica que esta edição do Prime essencialmente é baseada na ideia de bancada ao mercado. “São identificadas possibilidades de proteção industrial, do invento, para que possa ser levado para a sociedade. Sabemos que nossas universidades são altamente produtivas em invenções e esse programa visa, justamente, identificar aquelas que têm um potencial de serem levadas para a sociedade”, reforça.

JORNADA – O Prime se baseia em capacitação e qualificação por meio de workshops, consultorias individuais, mentorias coletivas, pitch (versão resumida do discurso de venda com informações sobre mercado e descrição do produto/serviço) e demo day (evento de apresentação de negócios para o mercado, parceiros e investidores). A carga horária total prevista para essas ações é superior a 35 horas.

O conteúdo programático contempla temas como: aspectos jurídicos, desenho de soluções, fontes de financiamento, ideação, modelagem financeira, parcerias, pesquisa e desenvolvimento (P&D), processos comerciais, propriedade intelectual, patente verde, transferência tecnológica e validação de negócios. Os participantes do Prime terão, ainda, uma trilha focada em sustentabilidade com temáticas ligadas à agricultura sustentável, cidades inteligentes e energias renováveis.

Além da premiação em dinheiro para o desenvolvimento dos projetos, os cinco finalistas serão contemplados com um programa de pré-aceleração ou pacote de consultorias em temáticas de inovação e mercado do Sebrae/PR e um programa de mentoria individual do Inpi. O desembolso financeiro para os pesquisadores contemplados será condicionado à apresentação da documentação prevista e demais critérios especificados no edital.

SERVIÇO:

Programa de Propriedade Intelectual com Foco no Mercado (Prime) – Edição 2023
Inscrições: até 4 de junho – AQUI
Evento online para esclarecer dúvidas: 18 de maio, às 14 horas – AQUI
Divulgação dos inscritos: 5 de junho
Início das atividades – 1ª fase: 7 de junho
Resultado da 2ª fase: 30 de agosto
Resultado da 3ª fase: 25 de outubro
Edital: seti.pr.gov.br/Prime-2023

A plataforma de popularização da ciência do Paraná contará com a participação de outras universidades do Estado

O projeto de popularização científica Conexão Ciência – C² volta às atividades, a partir desta quinta-feira, dia 9 março, com uma nova responsabilidade: dar vida a parte das ações do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação de Divulgação Científica e Educação para a Ciência (Napi). O objetivo do C² é dar visibilidade à produção da ciência paranaense. Após uma pausa, a segunda fase do projeto vai contar com novas parcerias e muitas novidades para a valorização da produção de conhecimento do Paraná, agora, com financiamento da Fundação Araucária (FA).

O C² fortalece a conexão entre sociedade e ciência por meio de produtos multimidiáticos e inovadores. Diferentes públicos, especialmente a comunidade não acadêmica, podem identificar a ciência no cotidiano de maneira descomplicada. A plataforma on-line da iniciativa prevê publicações semanais que juntam a esfera jornalística e científica em reportagens que reúnem textos, imagens, vídeos, infográficos e podcasts.

Lançado em junho de 2021, o Conexão Ciência é resultado, em princípio, de uma parceria entre a Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PEC), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), e a Secretaria de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti).

“Na verdade, o Conexão Ciência foi idealizado como uma forma de concretizar a Rede de Popularização da Ciência do Paraná (Repopar). O trabalho desenvolvido pelo C² atraiu a atenção da Fundação Araucária, que apoia o desenvolvimento científico e tecnológico do Paraná. Com isso, foram abertas outras frentes como o Paraná Faz Ciência, uma plataforma que reúne informações sobre eventos e ações científicas no Estado. E, agora, essas iniciativas são o suporte do núcleo de Divulgação Científica do NAPI, coordenado pela professora Débora de Mello Sant’Ana, da UEM. Este engloba o C², o Paraná Faz Ciência e, em breve, outros Arranjos que já estão sendo pensados, a partir de uma parceria entre a Seti, a Araucária e as IEES”, explica a jornalista e coordenadora-executiva do C², Ana Paula Machado Velho. Ela ainda lembra que os Napi são uma proposta da Fundação Araucária para unir as redes colaborativas de pesquisa voltadas à ativação e à consolidação de ecossistemas de inovação do Paraná.

Retomada – O C² teve uma pausa de seis meses, em 2022, devido à suspensão de seleção de bolsistas no período eleitoral. Mas, a partir deste mês de março, volta com novidades: a participação das outras seis universidades estaduais do Paraná, para que os projetos científicos desenvolvidos por essas instituições também possam ser divulgados. Para isso, entraram novos jornalistas, artistas, professores e estudantes de comunicação.

Nova publicação do Conexão Ciência – C²

Segundo a coordenadora-geral do Conexão Ciência, a professora da UEM Débora de Mello Sant´Ana, a primeira fase do projeto divulgou, majoritariamente, projetos científicos da Universidade de Maringá. “Agora, estamos empolgados em anunciar que a ciência desenvolvida em outras instituições estaduais também terá visibilidade na plataforma do C². Com a colaboração de cientistas de universidades de outras regiões do Paraná, teremos uma abrangência maior de temas nas nossas publicações, já que cada região normalmente tem foco em assuntos de pesquisa diferentes. Assim, os cidadãos paranaenses também poderão saber, de forma descomplicada, como parte dos impostos pagos por eles são investidos em desenvolvimento tecnológico e científico”, explica Débora.

Com as novidades, vêm muitos desafios, aponta a coordenadora Ana Paula Machado Velho. Unir as equipes de cientistas e jornalistas de todas as universidades que farão parte do C² será uma grande missão. “O que nos move é sermos desafiados a produzir conteúdo de qualidade e acessível ao público em geral. Levar a ciência até as pessoas e mostrar a elas o trabalho desenvolvido por cientistas paranaenses é a nossa paixão”, anuncia a jornalista que hoje comanda a equipe no espaço do Museu Dinâmico Interdisciplinar (Mudi/UEM).

As primeiras publicações da nova fase do Conexão Ciência – C² já estão no ar. Em comemoração ao mês da mulher, as matérias de estreia são “Mulheres na Filosofia” e “Educação Sexual em Corpos Dissidentes”. Não deixe de conferir a plataforma on-line do Conexão Ciência.

Texto redigido em colaboração com a estagiária do Museu Dinâmico Interdisciplinar (Mudi), Luiza da Costa, aluna do curso de Comunicação e Multimeios da UEM.

Com o apoio e profissionalismo de intérpretes de LIBRAS, o evento on-line Paraná Faz Ciência (PRFC), de 2021, ampliou significativamente o alcance dos painéis e palestras que integraram a programação da 18ª Semana Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. Mais de dez profissionais vinculados a instituições de ensino paranaenses se revezaram na tradução das palestras, garantindo acessibilidade à comunidade de surdos que tem interesse pela ciência ou que ainda não tiveram oportunidade para conhecer as pesquisas mais profundamente.

Durante a primeira semana de outubro, o PRFC realizou 15 atividades entre painéis, palestras e lançamentos de projetos, reunindo dezenas de pesquisadores e convidados, além de mobilizar acadêmicos em todos os cantos do estado. Com o engajamento da Superintendência Geral de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior do Estado do Paraná (Seti), Universidade Estadual de Maringá (UEM), Universidade Virtual do Paraná (UVPR) e Fundação Araucária, foi possível discutir temas fundamentais para o desenvolvimento da ciência, da tecnologia e promover a pesquisa científica realizada em nossas instituições federais e estaduais de ensino superior.

De acordo com a pró-reitora de Extensão e Cultura da Universidade Estadual de Maringá (PEC/UEM) e coordenadora do PRFC, Débora de Mello Sant’Ana, “ao estabelecermos como prioridade a veiculação das atividades também em LIBRAS, mostramos a importância do caráter inclusivo do evento para levar a pesquisa científica produzida em nosso estado para todos os públicos”.

A LIBRAS é uma importante ferramenta de inclusão social e tornou o evento mais acessível aos surdos, beneficiando a comunidade em geral. Dados do IBGE, indicam que 5% da população brasileira usa LIBRAS como auxílio de comunicação. Esse número representa 10 milhões de pessoas, sendo que 2,7 milhões não ouvem nada. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, até 2050, 900 milhões de pessoas podem desenvolver surdez no mundo.

O que é LIBRAS?

O nome LIBRAS é a sigla para Língua Brasileira de Sinais, um acrônimo, ou seja, uma palavra formada com as letras ou sílabas iniciais de uma sequência de palavras, pronunciada sem soletração das letras que a compõem. Para quem ainda não está familiarizado, LIBRAS é uma língua – não uma linguagem – de modalidade gestual-visual, que se exprime através da combinação de sinais e expressões faciais, as chamadas expressões não manuais. É um idioma não verbal, possuindo um alfabeto e estrutura linguística e gramatical própria. 

A partir do século XVI, mudanças na visão de que os surdos eram incapazes de serem educados formalmente acontecendo na Europa teve início uma luta pela educação desta população, na qual ficou marcada a atuação de um surdo francês, chamado Eduard Huet. Em 1857, Huet veio ao Brasil a convite de D. Pedro II para fundar, em 26 de setembro, a primeira escola para surdos do país, chamada, na época, de Imperial Instituto de Surdos Mudos, que, mais tarde, deu origem ao Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). 

A LIBRAS foi criada, então, junto com o INES, a partir de uma mistura entre a Língua Francesa de Sinais e de gestos já utilizados pelos surdos brasileiros. Por sua difusão e adesão, não só dos surdos como também de suas famílias e agregados, a língua se desenvolveu no país e, atualmente, pode-se afirmar que é genuinamente brasileira, permitindo que qualquer assunto ou discussão seja traduzido. Como toda língua, é viva, passa por atualizações constantemente e possibilita que todos possam se comunicar em qualquer tempo, sobre qualquer assunto.

Setembro azul

Por sua importância, em 2002, ganhou relevância e apoiadores junto aos legisladores e foi finalmente reconhecida como uma língua no país. Dois anos depois, em 2004, outra lei determinou o uso de recursos visuais e legendas nas propagandas oficiais do governo. 

Em 2008, um decreto formalizou o Dia Nacional dos Surdos como sendo 26 de Setembro, numa referência à fundação do Imperial Instituto de Surdos Mudos por Huet. Todos os anos a comunidade surda organizada realiza uma série de eventos no mês, que tem ainda o dia 30 de setembro como Dia Internacional do Surdo.

Para os profissionais intérpretes e tradutores de LIBRAS, a regulamentação da profissão veio em 2010. Diversas instituições federais e estaduais de ensino superior do Paraná, além de privadas, já disponibilizam há quase duas décadas cursos formação em Letras em LIBRAS, o que representa um avanço para a comunidade de surdos que passam a ter mais profissionais capacitados para atendê-los em suas incursões pelo mundo do conhecimento e assim promover maior inclusão social. 

“A História é a mais importante das ciências”. A constatação é do físico Erwin Schrödinger (1887/1961), para quem, sem ela (a história), não saberíamos da ciência, como foi pensada, testada ou aplicada por seus protagonistas. A ideia do teórico austríaco nos ajuda a conhecer e entender a trajetória da vida e o resgate da obra do filósofo e matemático paranaense Newton da Costa.

Nascido em Curitiba, em 1929, Newton Carneiro Affonso da Costa criou do zero o que hoje entendemos como a lógica paraconsistente, teoria original que abriu caminho a uma nova concepção para ver e pensar o mundo, levando em conta as contradições. Ele não apresenta apenas uma, mas uma hierarquia de lógicas, infinitas lógicas paraconsistentes, inscrevendo seu nome na Filosofia da Ciência em grande estilo e inspirando muitos pensadores e pesquisadores a desenvolverem vários desdobramentos da teoria. 

Primeira Semana Brasileira de Filosofia, 1952. Newton da Costa é o segundo à direita e Miguel Reale o quinto (Acervo Newton da Costa). Disponível em aqui.

O caminho para se tornar uma referência internacional começa ainda em casa, convivendo com pessoas da família e conhecidos que despertaram no jovem o prazer e curiosidade pelas letras e artes. Formou-se em engenharia, na Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 1952, mas ainda estava à procura da verdadeira paixão: a matemática. Para ele, a matemática e a lógica são instrumentos para entender o que é o conhecimento científico. Ao terminar a licenciatura em matemática, virou professor e pesquisador em tempo integral na UFPR, onde concluiu seu doutorado e tornou-se catedrático.

Newton da Costa aos 90 anos.
Disponível em Conexão Ciência

Nos anos 1960, migrou para o Instituto de Matemática e Estatística da Universidade de São Paulo (IME/USP) e, depois, passou dois anos na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), como professor titular nas duas instituições. Ainda nas décadas de 1960 e 1970, Newton da Costa, primeiro em Curitiba e depois em São Paulo e Campinas, desenvolveu e criou um grupo de pesquisadores que se notabilizaram como grandes lógicos no cenário internacional. A contribuição dele ao sistematizar a paraconsistência é fundamental e muito interessante porque não invalida a lógica tradicional e nem abandona os preceitos clássicos. 

Para dar conta de dilemas e paradoxos, a proposta dele foi trabalhar com situações e opiniões contraditórias, ao invés de descartá-las. Para chegar onde queria, Costa quis estudar a fundo a filosofia como forma de distinguir o que é o conhecimento em geral, se há conhecimento metafísico e, por extensão, o científico. 

Hoje, passando dos 90 anos, Newton da Costa continua ativo, engajado e profundamente apaixonado pela ciência, sendo reconhecido no Brasil e exterior como autor de uma teoria original criada a partir de 1958, mas muito citada e aplicada de 1976 para frente, quando finalmente ganhou o nome pelo qual ficou conhecida, a lógica paraconsistente. Costa passou a ser reconhecido como o ‘pensador da contradição’.

Graças ao seu trabalho e o reconhecimento da comunidade científica, passou por instituições da Austrália, França, Estados Unidos, Polônia, Itália, Argentina, México e Peru, seja como professor visitante ou pesquisador. Possui mais de 200 trabalhos publicados: artigos, capítulos e livros. Entre outros prêmios, ganhou o Moinho Santista e o Jabuti, em Ciências Exatas. 

Capa do livro “Logique Classique et Non-Classique”, editado em Paris, 1997.
Capa do livro “Godel’s way – Exploits into an undecidable world”, editado nos Estados Unidos, 2011.
Capa do livro “Para Além das Colunas de Hércules, uma História da Paraconsistência: de Heráclito a Newton da Costa”, editado no Brasil, 2017.

Inspiração para as novas gerações

Com essa pujante trajetória, não é de se admirar que Newton da Costa continue a angariar a admiração e respeito de pesquisadores do mundo inteiro, mais ainda no seu país e, também, no estado de nascimento. É tamanha a importância que o professor da Universidade Estadual de Maringá (UEM), no Paraná, Evandro Gomes, mostrou essa trajetória no livro “Para Além das Colunas de Hércules, uma História da Paraconsistência: de Heráclito a Newton da Costa”, resultado do doutorado em coautoria com a professora Itala Loffredo D’Otaviano, da Unicamp. 

“O título do livro alude à criação das lógicas paraconsistentes que se assemelha ao trabalho de Hércules, pois diversos autores, especialmente Newton da Costa, foram além dos limites conhecidos da logicidade, abrindo novos horizontes para a humanidade em sua aventura pelo conhecimento”, destaca Gomes em entrevista ao site Conexão Ciência.

O professor da UEM conviveu com o Newton da Costa de 1997 a 2003, período em que fez mestrado na USP. Segundo a pesquisa, o primeiro sistema lógico paraconsistente é apresentado pelo polonês Stanisław Jaśkowski (1906-1965), em 1948. Ele que foi, de fato, o primeiro a formular claramente a ideia da lógica paraconsistente, mas foi Newton da Costa, trabalhando com discípulos de Jaśkowski, quem sistematizou definitivamente as teorias do colega polonês, nos anos 1960 e 1970, ajudando-o a desenhar o pensamento proposto.

O livro, que, às vezes, pode ser confundido com um título sobre mitologia grega, recebeu Menção Honrosa no Prêmio Abeu 2018 e foi finalista, na categoria Ensaio Humanidades, do Prêmio Jabuti 2018.

Para nós do Paraná Faz Ciência, é uma grande honra registrar e reverenciar a trajetória de vida de Newton da Costa, que continua a arrebatar corações e mentes de pesquisadores da mesma forma como fazia há 60 anos. Para além da sua obra, a paixão pela ciência é o seu legado mais inspirador.