A Universidade Federal do Paraná (UFPR) apresentou os resultados de um estudo ambiental realizado na bacia do Rio Jacareí. A apresentação ocorreu no dia 2 de agosto, na Sede Histórica do Museu de Arqueologia e Etnologia da UFPR, em Paranaguá. O evento contou com a presença dos pesquisadores da UFPR, equipes das prefeituras de Paranaguá e Morretes, representantes portuários, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e outros atores locais.
Realizado pelo Laboratório de Geoprocessamento e Estudos Ambientais (LAGEAMB-UFPR), o projeto buscou entender quais fatores influenciam o aporte de sedimentos da bacia do Rio Jacareí para o Complexo Estuarino de Paranaguá (CEP), no litoral paranaense. O levantamento pode contribuir para a proposição de soluções para reduzir a produção de sedimentos, além disso, os dados primários podem contribuir para mitigação e monitoramento de alagamentos e deslizamentos na região.
O monitoramento, encomendado pela Secretaria de Meio Ambiente de Paranaguá, envolveu equipe multidisciplinar e foi financiada pelo Terminal de Contêineres de Paranaguá (TCP). A execução do projeto, intitulado como “Análises hidrossedimentológicas e econométricas na bacia do Rio Jacareí”, começou em 2019, e também contou com o suporte da Envex Engenharia e Consultoria. Em média, oito visitas de campo foram realizadas pela equipe, que envolveu profissionais da geografia, engenharia ambiental e economia. Devido à complexidade do estudo, foi necessária uma divisão em três etapas.
A primeira foi finalizada em abril de 2021 e envolveu o diagnóstico físico e socioeconômico da bacia hidrográfica, com coleta de materiais, levantamento das áreas prioritárias à recuperação e conservação ambiental e estimativa inicial da produção de sedimentos com uso de álgebra de mapas. Na segunda etapa que durou até abril de 2022, os pesquisadores atuaram na modelagem hidrossedimentológica com apoio do modelo matemático Soil and Water Assessment Tool (SWAT) – nessa fase do estudo, foram analisadas as dinâmicas espaço-temporais da água e dos sedimentos.
A terceira e última etapa do estudo terminou em junho de 2023. Além de dar continuidade ao monitoramento da região, uma análise econométrica foi realizada para estimar a valoração dos serviços ecossistêmicos a partir da restauração florestal da bacia do Rio Jacareí. Segundo o estudo, caso existissem mais florestas maduras na bacia do rio Jacareí, os gastos com a remoção de sedimentos assoreados no Rio Jacareí seriam reduzidos em cerca de R$ 500 mil em 40 anos. Isso porque a cobertura vegetal do solo é uma excelente maneira de garantir a retenção de sedimentos e, consequentemente, evitar a perda de solo.
Com o monitoramento do local, os pesquisadores puderam organizar uma base de dados inédita, como os dados de precipitação, nível da água e vazão, bem como identificaram a influência do efeito orográfico no processo de precipitação, que ainda não tinham sido registrados em pesquisas na região. Por fim, os pesquisadores fizeram algumas recomendações, tais como: a restauração das áreas de preservação permanentes (APPs) da bacia, pois os sedimentos da bacia são muito instáveis; projeto piloto de adequação do uso da terra com a implementação de sistemas agroflorestais (SAFs); o potencial hidrológico da bacia do Rio Jacareí para o abastecimento de água para os municípios de Morretes e Paranaguá no futuro, uma vez que a bacia se encontra em área de mananciais no âmbito do Plano de Desenvolvimento Sustentável (PDS) e Plano de Bacias do Litoral.
Com informações do Lageamb/ UFPR