O projeto Luna Web, pretende criar dispositivos que utilizam tecnologias lunares para desenvolver uma malha de monitoramento nas florestas
Em Maringá, o aluno do Colégio Instituto de Educação Estadual de Maringá e do clube Cienteens, Davi Afonso Rezende, de 17 anos, foi um dos selecionados para participar do Programa Sustainable Living Innovators – SLI, promovido pelo Centro de Engenharia e Desenvolvimento – CEiiA, parceiro da Fundação Araucária. Essa iniciativa está financiando bolsas de estudos para cinco alunos de ensino médio que participam de Clubes de Ciências da Rede de Clubes Paraná Faz Ciência. Além de outros cinco universitários que participam da iniciação científica e estejam no primeiro ou segundo ano da graduação.
Os candidatos, no ato de inscrição, além de outros requisitos, responderam à pergunta: “Como é que as tecnologias para a exploração da Lua podem melhorar nossa vida na Terra?” Para Davi, as tecnologias da Lua são mais resistentes, suportando altas e baixas temperaturas, de modo a prolongar a vida útil de dispositivos que ele deseja criar na Terra, não precisando de intervenção humana tão frequentemente. A situação seria diferente sem esse recurso lunar, já que exigiria recorrente troca de baterias e reparos. Assim, é por meio dessa tecnologia lunar que será possível criar sensores para desenvolver uma malha de monitoramento e alertar possíveis ameaças às florestas, em tempo real.
Segundo o estudante, quem apresentou o SLI foi a professora coordenadora do clube, Ivanir Diniz Batistela Santa Bárbara. Assim que viu o edital, ele se interessou e desenvolveu um projeto único para este programa. O objetivo de Davi com a LUNAWEB é conseguir monitorar as florestas brasileiras, algo que pode ser estendido a outras áreas internacionalmente. Os dispositivos desenvolvidos com as tecnologias lunares terão uma Inteligência Artificial (IA) embarcada e serão responsáveis por identificar queimadas, por meio de gases, e o desmatamento ilegal, por meio de vibrações.
Assim que estes dispositivos identificam algum risco para o meio ambiente, eles se comunicam com o satélite via LoRaWAN (LPWAN de longo alcance) – esse é um protocolo de rede de longa distância e baixa potência – e o satélite devolve o comunicado para a Terra no posto responsável, como os bombeiros, a guarda costeira ou a polícia. Além disso, com essa IA, o dispositivo consegue ficar em “standby” (modo espera, em tradução aproximada). É uma forma de prolongar a vida útil deste instrumento.
Outro ponto interessante do projeto de Davi é que eles são autorreparáveis. Logo, se algum dispositivo parar de funcionar, o monitoramento não será interrompido por completo. Conforme o aluno, a forma como vigiamos as florestas, por meio de drones e satélites, não é contínua. “Além de terem uma eficácia menor, principalmente, porque quando detectam um incêndio ele já está em um estado muito avançado e se alastra por toda a floresta”, diz o estudante.
Rezende não contém a alegria e a ansiedade para a viagem. “Eu estou muito animado com essa experiência, muito grato também por ter passado. Vou ter a oportunidade de conhecer outros líderes, poder fazer um network e adquirir novos conhecimentos”, comenta. Um dos planos futuros é poder compartilhar as vivências com todo o colégio. “Pretendo dividir esses aprendizados na sala de altas habilidades, no clube de ciências e até mesmo nas demais salas de aulas, conversando com os alunos”.
A 6ª edição do SLI acontecerá na cidade de Matosinhos, em Portugal, durante os dias 14 de julho e 8 de agosto. Os alunos do ensino médio deverão ficar duas semanas no programa, e caso queiram, poderão prolongar a estada por mais duas semanas. O programa tem o intuito de desenvolver nos jovens aprendizados ao pensarem e realizarem um conceito de produto ou serviço que utilize tecnologias lunares e envolva critérios de sustentabilidade, considerando o bem-estar da sociedade.