Um dos projetos de Extensão mais representativos do papel da UEL como vetor do desenvolvimento social na comunidade está comemorando uma marca importante. Mais antigo e contando com o maior número de estudantes envolvidos, o projeto “Promoção em Saúde Bucal Para Escolares e Comunidades”, da Clínica Odontológica Universitária (COU), completou, no ano passado, 30 anos ininterruptos de atendimento a crianças e adolescentes.
As comemorações ficaram para este ano e serão realizadas nesta quinta-feira, dia 1º de junho, em evento que deverá contar com a presença dos pioneiros dessa trajetória. O momento festivo também deverá integrar os membros da administração da UEL, diretores da COU e Bebê Clínica e da Secretaria Municipal de Saúde de Londrina (SMS), principal parceira institucional da iniciativa.
Atuando na prevenção às doenças bucais, como a cárie, periodontite e gengivite, o projeto promove palestras, ações de escovação supervisionada e distribui kits de higiene bucal com escovas, fio e creme dental em escolas de Londrina. Para se chegar à importante marca de quase 17 mil pessoas atendidas em um só mês, muito esforço, dedicação e organização foram necessários desde a sua criação, em 1992, após tratativas entre a 17ª Regional de Saúde e a diretoria da COU.
Quem conta essa história é a única servidora ainda em atividade na COU que fez parte do primeiro time de técnicas em Saúde Bucal contratado para tocar a iniciativa, Lirian Adriana Maria Pereira da Silva. “Esse projeto surgiu justamente da necessidade de realizar a prevenção porque começamos a fazer levantamentos e vimos que Londrina estava descoberta”, lembra. “Na época, a 17ª (Regional de Saúde) começou a cobrar ações da universidade em termos de prevenção. Foi quando o professor Pedro Carlos Ferreira Tonani (in memorian) pediu o concurso para a contratação de cinco profissionais técnicos. Era uma necessidade muito grande porque havia muitas crianças com dentes cariados, precisava dessa ação de prevenção nas escolas”, conta.
Ao lado de Lirian e sob o comando do professor Tonani, então diretor da COU, também integravam a equipe as servidoras Ângela de Fátima Saloio Moraes, Jeanne Maria Evagelista Bergamin, Maria Oneide Mota e Vera Lúcia Carneiro de Souza. “Depois ainda chegou a Márcia Maria Ribeiro e tivemos várias técnicas e pessoas importantes”, diz a servidora.
Uma das lembranças dessa época remete ao automóvel utilizado para o transporte das servidoras – um Fusca. Com o passar dos anos, lembra a servidora, tanto o projeto como o seu meio de transporte foram evoluindo, aumentando a capacidade de atendimento na cidade de Londrina. “Vimos que o projeto nunca sofreu interrupções, sempre teve todas as exigências atendidas, motoristas. Primeiro era um ‘fusquinha’, depois passamos para uma Kombi e, hoje, temos uma van. É uma história muito legal mesmo, merece ser comemorada”, alegra-se.
Atendimentos
Após a saída do professor Tonani do cargo, as atividades foram comandadas pelo docente do curso de Odontologia da UEL, Wagner José Silva Ursi. Atualmente, o projeto de extensão é coordenado pela professora Maura Sassahara Higashi e conta com a participação de 83 alunos do curso de graduação em Odontologia.
Em destaque pelo expressivo número de participantes, os coordenadores também comemoram o profundo impacto social na comunidade de Londrina, registrando quase 17 mil pessoas atendidas todos os meses.
A maior parte das atividades, conta a coordenadora, é desenvolvida com os estudantes de 27 Centros Municipais de Educação Infantil (CMEI) e 28 escolas da Rede Municipal de Londrina. Além destas unidades, outras onze instituições da cidade que atuam com a Educação Especial e a assistência social também recebem os graduandos da UEL para o trabalho, que envolve, também, os pais ou responsáveis e a equipe pedagógica. “Então, a nossa população é bem ampliada. Realizamos o projeto de forma periódica durante todo o ano letivo e as atividades acontecem dentro da própria escola”, explica Maura.
Buscando cativar a atenção das crianças, os estudantes da Odontologia apostam em uma fórmula que dá certo e passa pela contação de histórias, apresentações de teatro e música, brincadeiras, jogos e gincanas. “Os nossos alunos trabalham com livros que são interativos e didáticos. Também trabalhamos com macro modelos e exibição de vídeos. Ao final, a criança sempre vai para a escovação supervisionada, seja coletiva ou individual”, conta.
Ao mesmo tempo, a presença do projeto na comunidade externa da UEL se dá, ainda, por meio da participação dos alunos em eventos promovidos pela Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização (CMTU) e, recentemente, em ações da Prefeitura Municipal de Rolândia. “As pessoas têm a ilusão de que uma grande quantidade de pasta de dente vai melhorar, já que tem flúor, mas não é assim. Então, ensinamos as crianças que é preciso colocar um pouquinho de pasta e que o importante é o movimento, é a técnica da escovação. A pasta é importante porque tem o flúor, que faz bem para os dentes, mas não é somente isso (que garante a escovação)”, reforça Higashi.
Em meio ao convívio com a população inserida em múltiplos contextos sociais, a participação nas atividades extensionistas é fundamental também para os estudantes de graduação – afinal, a atividade é capaz de enriquecer e marcar de forma positiva este momento da vida acadêmica, avalia a coordenadora. Neste sentido, ela conclui que os graduandos da UEL acabam desenvolvendo habilidades fundamentais, como a liderança e empatia, além do desenvolverem o compromisso com iniciativas de impacto social.