Cerca de 60 pesquisadores e estudantes participaram, nesta semana, na Fundação Araucária e remotamente, de um workshop do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (Napi) Fenômenos Extremos do Universo. Durante o evento, foram apresentados alguns resultados alcançados nos primeiros dois anos de atividade da rede de cientistas.
Na primeira fase de trabalho, o Governo do Estado, por meio da Fundação Araucária e da Secretaria da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti), investiu R$ 1 milhão em apoio aos pesquisadores. Grande parte deste recurso (R$ 803 mil) está sendo utilizado na construção da estrutura de suporte de um telescópio do Cherenkov Telescope Array (CTA).
“Nós tentamos envolver o maior número de pesquisadores da área de astronomia neste novo arranjo por meio de workshops, o que animou muito e contribuiu para a integração destes pesquisadores. Além disso, focamos na prioridade desta etapa que era a construção da estrutura do telescópio, que está em andamento”, explica a pesquisadora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e articuladora do Napi, Rita de Cássia dos Anjos.
Além da busca pela inovação e desenvolvimento de instrumentos voltados à pesquisa astronômica e espacial, o Napi tem trabalhado nas áreas de astrofísica, cosmologia e gravitação. Também tem avançado no fortalecimento da internacionalização das instituições paranaenses na área de astronomia.
O coordenador de um dos projetos desenvolvidos no Napi, o pesquisador e diretor do Observatório Astronômico da Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Marcelo Emilio, tem atuado com estudiosos da Fundação Planets, que reúne pesquisadores de vários países interessados em descobrir vida em outros planetas. Atualmente, a instituição está construindo um outro telescópio com a capacidade de explorar atmosferas de exoplanetas próximos, no Havaí (Estados Unidos).
“Quando este telescópio ficar pronto será o maior fora do eixo para observação noturna, servindo de base tecnológica para construirmos telescópios ainda maiores. O grande diferencial desta tecnologia é que ele pode ser construído com menos material e muito mais barato”, afirmou.
O professor também anunciou que já há aprovação para o curso de graduação em Astronomia na universidade, que será o terceiro no País – ele é ofertado apenas em São Paulo e no Rio de Janeiro.
Segundo o professor do Departamento de Física, da Universidade Federal do Espírito Santo, e pesquisador do Napi, Jaziel Goulart Coelho, esses telescópios e o desenvolvimento de observatórios devem fomentar a indústria nacional e permitir a liderança paranaense em descobertas científicas e na geração de inovação e instrumentação científica.
“Os cientistas paranaenses e estudantes terão acesso aos primeiros dados quando o telescópio estiver em pleno funcionamento. Também teremos a oportunidade de desenvolver junto à indústria paranaense tecnologia de ponta com descobertas que vão ser de grande impacto dentro da astronomia e da astrofísica”, ressaltou.
O Napi também tem atuado na divulgação científica por meio do incentivo à participação de meninas nos projetos de astrofísica e astronomia nas escolas, e realizado parcerias com escolas e secretarias por meio de cursos/oficinas para professores e alunos, além da elaboração de materiais para deficientes visuais e baixa visão voltados para o ensino de astronomia.
Além da UFPR, UTFPR e UEPG, integram o Napi Fenômenos Extremos do Universo pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina (UEL), do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC) e da empresa BrasilSat. Na segunda fase dos estudos, que deve seguir até 2028, serão priorizados os projetos de física aplicada, que têm grande impacto na sociedade.
NAPIS – Atualmente, já são mais de 50 Novos Arranjo de Pesquisa e Inovação implantados ou em construção no Paraná. A Fundação Araucária tem realizado uma série de workshops temáticos em que os pesquisadores membros do Napis podem apresentar os principais resultados alcançados dentro da fase de trabalho em que se encontram e projetar ações futuras.