Um baixo-relevo do físico paranaense será instalado na FA; obra é fruto de pesquisas realizados pela equipe do NAPI Paraná Faz Ciência
A Fundação Araucária (FA) vai homenagear, nesta sexta-feira (16), o paranaense Cesare Mansueto Giulio Lattes. Entre as atividades que comemoram os 100 anos do mais famoso físico brasileiro, está a entrega de um baixo-relevo de Lattes à sociedade. A obra, produzida a pedido do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Paraná Faz Ciência, vai ganhar lugar de destaque na sala Vinicius Nagem, da sede da Fundação.
O cientista conhecido como César Lattes é curitibano, filho de imigrantes italianos. Seu feito foi descobrir a existência da partícula méson pi, em 1946. Esta é uma partícula subatômica que permite a interação nuclear e a movimentação de prótons e nêutrons no núcleo das células. Este experimento ganhou o Nobel de Física, em 1950. Porém, quem ficou com o prêmio não foi Lattes, mas o chefe dele, o estadunidense Cecil Powell.
No Brasil, Lattes foi fundador de duas instituições voltadas à pesquisa científica: o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o nosso CNPq. O sistema utilizado para cadastrar os currículos de cientistas, pesquisadores e estudantes brasileiros se chama “Plataforma Lattes”. Uma homenagem do CNPq ao físico.
Centenário – A história da confecção do baixo-relevo (forma escultórica em superfície plana) para marcar o centenário de Lattes começou com uma provocação do professor Ildeu Moreira, presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Ele entrou em contato com a Universidade Federal do Paraná (UFPR), dizendo que seria interessante fazer uma homenagem ao paranaense.
Moreira pesquisou e encontrou jornais antigos que mostravam que César Lattes esteve em Curitiba – cidade em que nasceu – no ano de 1948, quando ele já era um cientista mundialmente consagrado. Uma matéria dizia que o cientista havia posado para João Turin, um importante escultor paranaense.
A partir dessa possibilidade, o grupo da UFPR, liderado pelo professor Rodrigo Reis, um dos articuladores do NAPI Paraná Faz Ciência, entrou em contato com o escritório responsável pelo acervo de Turin. A equipe questionou se havia por lá alguma obra que parecesse com Lattes. E a resposta foi sim.
“O baixo-relevo estava no acervo de originais em gesso e, por isso, não era do conhecimento do público”, afirma Samuel Ferrari Lago, gestor do acervo artístico de João Turin. “Para nós, a justa homenagem ao centenário do renomado cientista com uma obra assinada por Turin é motivo de alegria. É também a comprovação de que um acervo artístico consolidado há décadas continua vivo e atual”, completa.
O professor Rodrigo Reis diz que a possibilidade de homenagear o cientista curitibano, Cesar Lattes, nas comemorações do seu centenário, é um movimento de valorização da ciência e dos cientistas brasileiros.
“O NAPI Paraná Faz Ciência tem o papel de divulgar a ciência paranaense e faz isso, também, a partir do reconhecimento de seus cientistas. O Lattes talvez seja o mais importante da história do Brasil. Seu reconhecimento mundial é notável e seu papel como ator, inclusive político, no cenário da ciência brasileira é uma inspiração para cientistas atuais e futuros. Tudo isso se torna ainda mais relevante pelo fato de a homenagem vir a partir de uma obra do João Turin, artista do movimento paranista. A equipe do NAPI Paraná Faz Ciência se sente honrada de possibilitar, junto à Fundação Araucária, essa homenagem”, declara Reis.
A cerimônia de instalação da obra na Fundação Araucária vai contar com integrantes dos projetos do NAPI Paraná Faz Ciência; e do Sistema de Ciência e Tecnologia do Paraná. A solenidade ocorre na sexta-feira, dia 16, às 10 horas, na sala Vinicius Nagem.
Porém, a programação em homenagem ao centenário do físico paranaense continua, à tarde. Representantes do Sistema Estadual de Ciência e Tecnologia, amigos, ex-alunos e familiares de César Lattes vão ao Parque das Ciências, onde será realizada outra cerimônia, organizada pelo Parque e pela Secretaria Estadual de Educação (SEED).