Também esteve no evento oficial, o Clube Verde Mel, do Colégio Estadual para Surdos Alcindo Fanaya Jr, com 72 anos de história de ensino e é parte do ensino em tempo integral
“A verdade está lá fora”, dizia o slogan da série Arquivo X, que fez sucesso no Brasil nos anos 1990. Essa frase, aparentemente simples, nos ajuda a compreender como funciona o saber científico. A Ciência busca incansavelmente compreender melhor nosso mundo, sempre atenta para os problemas da realidade.
E foi olhando para os desafios do dia a dia que o Clube de Ciência Geração Científica, do Colégio Estadual Alfredo Parodi, de Curitiba, passou a desenvolver um projeto para revitalizar um bosque tomado pelo lixo e pela falta de iluminação pública, que fica ao lado da escola. Diante desse problema, que gerava insegurança e medo entre os moradores do bairro, o Clube organizou um abaixo-assinado e levou a demanda até as lideranças políticas que atenderam o pedido. Agora o bosque tem sido limpo com regularidade pelos agentes públicos. Durante a cerimônia para apresentar oficialmente a Rede de Clubes Paraná Faz Ciência, que aconteceu em 15 de abril, o Clube Geração Científica, coordenado pelas professoras Corine Costa e Izabella Vieceli, apresentou um novo projeto voltado para a área de robótica. Os estudantes estão desenvolvendo um robô para ajudar na revitalização do rio Belém. O protótipo, inspirado na tecnologia River Cleaning, possui o formato de um barquinho que intercepta resíduos que fluem pelos rios.
O próximo passo do projeto é trabalhar para avaliar a qualidade da água, além de desenvolver um sistema de placas solares para gerar uma energia totalmente limpa. “Por causa desse projeto nós vimos, na prática, como a Ciência transforma as ideias em ações reais. A gente transformou nossas ideias em algo concreto”, explicou a aluna Júlia Ducci Göhr, de 17 anos, durante a apresentação do Clube na cerimônia realizada no Palácio Iguaçu, sede do governo do Estado, em Curitiba.
Outro clube que também esteve no evento foi o Verde Mel, do Colégio Estadual para Surdos Alcindo Fanaya Jr, de Curitiba. Com apoio do intérprete de libras, Evonir Vieira da Silva, os estudantes surdos Eduardo Martins Carvalho, de 16 anos, e Matheus Felipe Lopes Pereira, de 18 anos, contaram o quanto estão aprendendo nas tardes de sexta-feira, durante os encontros do clube, com duração de 2 horas. “Aprendemos sobre a importância de cuidar das abelhas, aprendendo sobre o processo de fabricação do mel, estudando sobre o sabor e o gosto, além de estudar sobre o comércio”, relata Eduardo. “Também aprendemos sobre a tecnologia necessária para o cultivo das abelhas, porque elas não oferecem perigo, elas precisam ser cuidadas”, completa Matheus.
O professor Arlei Roberto de Sousa, coordenador do Clube, detalhou a metodologia desenvolvida no Verde Mel: “Criamos abelhas Jataís, que não possuem ferrão, portanto, não apresentam riscos aos estudantes. Elas são típicas da América do Sul e produzem um mel de alta qualidade”, afirma.
O Colégio Estadual para Surdos Alcindo Fanaya Jr., segundo a diretora da instituição Eli Prestes de Aguiar, possui 72 anos de história e faz parte do Programa Paraná Integral, atendendo alunos da educação infantil, das séries iniciais e finais do Ensino Fundamental e também do Ensino Médio. “Temos estudantes surdos, surdocegos e com baixa visão”, explica a diretora.
A Rede conta mais de 200 Clubes de Ciência já, totalizando 4.708 clubistas produzindo pesquisa e inovação, buscando a verdade que está lá fora, isto é, que está para além dos muros da escola. “Estamos nesse evento oficializando esse movimento tão importante que está acontecendo nas escolas do Paraná. São cientistas já na educação básica que vão chegar no Ensino Superior e fazer a diferença neste Estado, que já faz ciência de qualidade”, comenta Débora Sant’Ana, articuladora da Rede Paraná Faz Ciência.