Clube Dengue Bot do Colégio Estadual Vereador José Balan, em Umuarama, une robótica e ciência
Para se proteger da dengue muitas atividades podem ser realizadas, entre elas, não deixar a água parada, usar repelente, manter o lixo tampado e entre outros. Mas no Colégio Estadual Vereador José Balan, em Umuarama, há um clube de ciências que pensou ‘fora da caixa’ e criou um robô autônomo que solta citronela e afasta o mosquito da dengue.
O Clube Dengue Bot busca realizar este projeto como forma de testar os conhecimentos sobre robótica e evitar afastamentos de professores e colegas em razão da dengue, explica o professor coordenador, Maicon Douglas Schmidt. “A ideia era que eles construíssem um robô que tivesse a capacidade de desviar dos obstáculos e conseguisse andar sozinho espalhando o repelente pela sala”, comenta.
Após tentativas e muitos testes, o robô chegou no nível de independência que eles queriam e começou a ser solto durante o período do almoço na escola. Este foi o melhor momento, pois as crianças e adolescentes não se sentem afetados com o cheiro da citronela, um odor que pode ser forte para alguns estudantes.
Atualmente com 24 integrantes, o clube se reúne todas as semanas nas duas últimas aulas da quarta-feira. Neste ano, um dos objetivos é realizar questionários sobre a eficácia do protótipo na escola e depois analisar estes resultados. Mas, não para por aí, os estudantes estão buscando fazer um drone por meio de uma câmera para identificar possíveis focos de água parada próximos ao colégio ou dentro do estabelecimento.
Como tudo começou?
Por ser uma escola de tempo integral, os alunos já tinham o costume de ter clubes na hora do almoço. Segundo o professor, “a maioria buscava esportes, mas quatro deles queriam criar um clube de robótica”. A sugestão de Maicon foi solicitar que eles pensassem em algum projeto voltado para o ambiente escolar. A resposta desses estudantes foi o combate à dengue, pois uma das professoras ficou doente duas vezes e isso os afligiu também.
A partir deste momento, eles começaram a desenvolver o protótipo com materiais das aulas de robótica e recicláveis, como a garrafa pet. Quando o clube iniciou oficialmente pela Rede de Clubes Paraná Faz Ciência em setembro do ano passado, os estudantes haviam começado a montar o carrinho com sensor ultrassônico. O projeto foi se transformando com o tempo e tornou-se destinado ao clube.
No momento em que o projeto foi aceito, o professor fez um levantamento dos interessados e muitos alunos queriam entrar. Assim, foi realizada uma seleção seguindo os critérios do Paraná Faz Ciência, como diversidade entre os membros de séries, de gênero e entre outros. “Por isso o clube é bem heterogêneo, temos alunos do 6º ano ao 9º ano e dentre esses também há estudantes que participam de outras atividades, como a sala de recursos multifuncional”, explica o professor.
Quando o robô estava pronto, funcionando por meio de um sensor ultrassônico responsável por fazer com que ele desviasse dos obstáculos, os alunos começaram a pensar em uma forma de acrescentar o umidificador com a citronela. A ideia era que o protótipo se assemelhasse com os carros de fumacê.
O resultado final foi um robô com a base de um carrinho. Com quatro rodas, um chassi e uma estrutura acoplada para colocar o umidificador. Tudo improvisado com materiais recicláveis. Apenas o carrinho era do kit das aulas de robótica e é controlado pelo Arduino, uma plataforma que integra software (programa de computação) e hardware (peças) onde estão os códigos que fazem o robô funcionar.
Para o professor, a importância do clube está também em permitir que os alunos fossem além das aulas de robótica, dos conteúdos programados. “A liberdade é um dos pontos fortes e isso fez com que eles criassem novas ideias. Um exemplo disso é o drone que não estava no projeto inicial do Clube de Ciências Dengue Bot, mas que está se desdobrando juntamente com o robô”, acrescenta.
Próximos objetivos
O Clube Dengue Bot teve o nome escolhido pelos alunos e pelo professor em conjunto, e faz menção à temática central estudada. O termo “Bot” é referência ao programa de computador que efetua tarefas de forma automática e é também a abreviação da palavra “robot”, que significa robô em inglês.
Neste ano, eles esperam apresentar este projeto na culminância, a finalização do semestre na escola, e inscrever-se em várias feiras de ciências para apresentar o projeto. Inclusive, no ano passado, uma das grandes conquistas do clube foi ter ganhado o concurso Agrinho de Robótica de 2024, na categoria Ensino Fundamental II.
Além do drone citado, agora com os recursos financeiros da Rede de Clubes Paraná Faz Ciência, eles vão conseguir uma impressora 3D. A finalidade é utilizar peças de qualidade superior e deixar o robô melhor tanto em aparência como em funcionalidade, como por exemplo por meio de outros sensores.
Os alunos também pretendem plantar a própria citronela na escola e extrair seu óleo, para realizar um processo laboratorial. Tudo isso como forma de incrementar o projeto do robô e enriquecer o conhecimento dos alunos.
É justamente neste quesito que o professor argumenta mais uma relevância de um clube de ciências na vida dos estudantes. “Isso ajuda a desenvolver o senso crítico e o trabalho em equipe, como quando eles tiveram a ideia de fazer um sistema de captação da água da chuva, já que esses alunos estavam estudando o ciclo da água em uma das matérias da grade escolar”, exemplifica. Ou seja, os alunos estão relacionando a aprendizagem em sala de aula como um auxílio para resolver problemas dentro da escola.
Outro ponto destacado pelo professor é a pesquisa científica. Os alunos aprenderam a buscar fontes confiáveis utilizando o Google Acadêmico para ler artigos e fundamentar o projeto. Segundo o professor Maicon, o clube traz autonomia para os estudantes e, para os educadores, é um momento de muita troca, onde eles mesmos aprendem também.
Antes de receberem esse investimento da Rede de Clubes Paraná Faz Ciência, o clube teve que improvisar alguns materiais, mas esse ponto também foi considerado interessante pelo professor, para que os alunos se superassem e utilizassem a criatividade. Apesar das inúmeras falhas, um momento que ficou marcado para o professor e membros do clube foi o dia em que viram pela primeira vez o protótipo funcionando perfeitamente: “Ver que todas aquelas ideias abstratas conseguiram chegar no resultado, foi muito gratificante”, relembra.
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