Dividida em quatro módulos, a atividade tratou dos tipos de solo no Paraná e mostrou como o manejo pode ser sustentável

No dia 26 de agosto, alunos do Clube de Ciências EcoCientistas Visionários, do Colégio Estadual Padre Chagas, em Guarapuava, participaram de uma atividade prática sobre solos, no campus Cedeteg, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro). A iniciativa veio de uma parceria entre o Laboratório de Solos da Universidade e o Grupo de Pesquisa e Extensão Educação Geográfica e Cartografia para Escolares (EducartGeo).
A ação foi ministrada por acadêmicos de Geografia e estagiários da mesma área que atuam no Colégio Estadual Padre Chagas. Para oferecê-la, os graduandos passaram por um treinamento, coordenado pela professora Yasmin Tadeu Costa.
“O nosso treinamento começou antes mesmo de saber que teríamos uma oficina. Foi durante o grupo de estudo de sexta-feiras, quando trabalhávamos artigos e livros didáticos relacionados à pedologia – ciência da morfologia e classificação dos solos. Então, quando começamos a organizar a oficina, já tínhamos o conteúdo estruturado (sobre o que são, as características e propriedades dos solos). O que precisamos fazer foi pensar em como organizar essa oficina”, destacou a professora.
Segundo Yasmin, o trabalho foi estruturado em quatro módulos. O primeiro tratou de explicar o que é o solo; o segundo aborda os principais tipos de solo do Paraná; o terceiro discute como manejar o solo e o quarto, sobre porque devemos conservá-lo. “Todos os módulos foram pensados para responder perguntas, de modo que ficasse muito claro qual seria o assunto e o que a gente falaria em cada módulo. Isso seria útil tanto para os alunos que iam aplicar a oficina, quanto para os que iriam assistir à oficina. O nosso objetivo principal era que o conteúdo fosse o mais didático possível”, explica a docente. Para testar a clareza da didática, a equipe aplicou a oficina no dia 3 de julho para outros acadêmicos de Geografia.

A ideia de realizar a atividade surgiu dentro do grupo de estudos criado pela professora Yasmin, em julho de 2024. Nesse espaço, os alunos se reuniam semanalmente para aprofundar leituras sobre solos. Durante a apresentação dos programas de extensão do Departamento de Geografia, Yasmin compartilhou a proposta, e a professora Marquiana Gomes, coordenadora dos projetos ‘Nós Propomos! Unicentro: Juventude educando-se na/com a cidade’ e da Rede de Clubes Paraná Faz Ciência, na Unicentro, sugeriu a parceria.
“Na Rede de Clubes existiam alguns grupos que trabalhavam com o tema diretamente relacionado aos solos ou indiretamente, e ela comentou que seria legal se trabalhássemos esse conteúdo com esses alunos. E acabou que foi muito interessante”, contou Yasmin.
Elisa Harmuch, acadêmica do segundo ano de Geografia, foi uma das estudantes que participou do treinamento e depois aplicou a oficina com os clubistas. Para ela, a preparação ajudou a aprofundar o conhecimento. “Participar do treinamento me fez aprender bastante sobre o solo. Quanto mais eu pesquisava para minha apresentação, lendo, revisando, apresentando para as pessoas do grupo, me fez aperfeiçoar e entender mais sobre o que eu estava apresentando”, mencionou.

Nicolli Rech Colaço, de 14 anos, integrante do Clube de Ciências EcoCientistas Visionários, participou da oficina e relatou os aprendizados. Ela conta que descobriu, por exemplo, que o processo de formação do solo é lento, além de aprender termos como lixiviação, entendendo como ela ajuda na distribuição dos minerais e materiais orgânicos e também sobre os diferentes tipos de solo do Paraná.
Para Nicolli, esse conhecimento é importante para saber como lidar com cada tipo de solo nos experimentos do Clube. “Agora, o que pra mim foi o maior aprendizado: falamos sobre o manejo do solo e sua degradação. Aprendemos sobre a infiltração e que, se ela não ocorrer, pode acontecer a erosão, e que, para acontecer essa infiltração, precisamos de um solo com uma boa estrutura. Nisso, também aprendemos sobre o manejo conservacionista e o manejo convencional, sendo o manejo conservacionista o processo de cobertura do solo e no manejo convencional, um solo exposto. Isso foi muito importante, já que eu e o meu grupo estamos falando sobre hortas urbanas e criando ideias para uma horta urbana no nosso colégio”, contou a clubista.

Para a estudante, a oficina foi didática e possibilitou compreender muitos conceitos que ainda não estavam completamente claros para ela. “Na sala de aula, ouvimos muitos termos técnicos que, muitas vezes, não entendemos, e ir para o CEDETEG foi uma experiência muito agregante para nós estudantes, pois lá entendemos e observamos muito daquilo que às vezes não conseguimos compreender claramente apenas com o aprendizado no colégio”, comentou.

Essa também foi uma das preocupações de Adeliziani Ribas, acadêmica de Geografia que ministrou a oficina. Ela acredita, porém, que conseguiu se preparar para esse desafio.
“É sempre difícil encontrar uma linguagem didática para os adolescentes, mas acredito que a vida acadêmica nos prepara bem para situações como essa.” Além disso, Adeliziani destacou que se surpreendeu com o interesse dos alunos durante a atividade. “É muito gratificante ver o interesse deles, até no fato de anotar o que estávamos falando e questionar quando tinham dúvidas”.
Atividades como a oficina de solos têm o poder de aproximar os acadêmicos dos alunos e dos professores da educação básica, construindo um caminho de troca de conhecimento. Para a professora Yasmin, o estudo de solos pode contribuir para despertar nos estudantes um maior interesse pelo meio ambiente e pela ciência.
“A partir dessa apresentação didática e dessa conversa mais planejada do que é o solo, os alunos podem ter consciência de como as pesquisas podem ser realizadas sobre o tema e como elas podem contribuir para o desenvolvimento mais sustentável da humanidade e o uso mais sustentável dos solos”.

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