Rede de Clubes é um incentivo para a ciência na Educação Básica
Com 200 clubes distribuídos nos 32 Núcleos Regionais de Educação do Paraná, a Rede de Clubes Paraná Faz Ciência é uma das ações pelas quais o NAPI (Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação) Paraná Faz Ciência é responsável. Essa rede é gerida pelos articuladores Débora Sant’Ana, da Universidade Estadual de Maringá (UEM), e Rodrigo Reis, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Segundo Débora, o grande objetivo do NAPI Paraná Faz Ciência é fortalecer a cultura científica do Estado do Paraná, “fazer com que a ciência esteja no cotidiano e na boca das pessoas”. Ela acredita que é por meio da divulgação científica que a ciência pode ser popularizada para todos, inclusive, sendo apoiada nas escolas. Neste sentido, a Rede de Clubes desempenha um papel de reforçar essa cultura, já que os estudantes a levam para suas famílias e também porque estão em fase de escolhas para o futuro, de quais profissões seguirão.
Como explica o professor Rodrigo, a Rede também é uma forma de antecipar esse contato dos estudantes da educação básica com a ciência, com os processos científicos, com a inovação e com resoluções de problemas baseados na sua própria realidade. O principal objetivo é ampliar o interesse dos estudantes pela ciência e pelas carreiras científicas, com a possibilidade de bolsas para os professores coordenadores dos clubes e para os alunos, a participação em feiras de ciências e a formação continuada. O investimento total, feito pelo governo do Estado, é de R$23,5 milhões.
São mais de sete mil estudantes e em média 300 professores nesta grande rede que beneficia escolas, professores e alunos. O início do projeto dos clubes foi em 2024, mas com fases mais burocráticas, da execução dos convênios. Neste ano de 2025, muitos planos estão se concretizando de forma efetiva e os clubes poderão também participar de feiras de ciências, apresentando seus trabalhos.
Uma das novidades no processo de gestão dos Clubes é a fase da compra de material e contratação de serviços necessários para as atividades. Os pedidos podem ser enviados até 29 de agosto, por cada um dos 200 clubes. Cada professor fará o levantamento de todas as demandas de produtos e serviços que vão se utilizar, especificando-os em planilhas para que seja feita a compra de tudo que precisarem para a rotina dos seus Clubes.
Como tudo começou
A Rede de Clube surgiu da vivência e do diálogo que os professores tiveram no Ciência Viva de Portugal. Neste ambiente, eles perceberam que essa Rede de Clubes é o motor indutor do que eles chamam de movimento social pela ciência. Segundo o professor Rodrigo, eles já tinham a previsão de ter os clubes de ciência quando idealizaram o Paraná Faz Ciência, mas de uma maneira muito mais simples. Após a visita a Portugal, a situação se alterou, já que ficou nítido a potência deste projeto.
Débora explica que durante a viagem, visitaram tanto clubes de ciências em zona urbana, quanto em zonas rurais. “Foi uma oportunidade de dialogar com os estudantes, professores e os coordenadores da Rede Ciência Viva”. Assim, o surgimento dos clubes é uma construção em conjunto dos professores Débora e Rodrigo, o professor Ramiro Wahrhaftig, presidente da Fundação Araucária, e outros gestores da Secretaria Estadual de Educação (SEED-PR).
Diferenciais de participar de um clube
Os clubes de ciências são espaços que oferecem aos alunos autonomia e protagonismo. Segundo a professora Débora, diferentemente do ambiente cotidiano de sala de aula, com prazos e processos avaliativos formais, a ideia da Rede de Clubes é desenvolver competências e habilidades em torno do trabalho em equipe, liderança, organização do tempo e habilidade de observação.
A possibilidade dos clubes em desenvolverem soluções para problemas locais ou regionais, é um outro benefício. Pois, se há uma questão impactando a vida deles de alguma maneira os alunos podem, de forma ativa, contribuir, estudar ou compreender. Em relação aos professores, ser coordenador de um clube é uma oportunidade de trabalhar a iniciação científica na escola, reforça Débora. Também é uma maneira dos educadores terem mais autonomia, já que o projeto é desenvolvido por eles com os alunos.
O professor Rodrigo acrescenta que a oportunidade de participar da Rede de Clubes foi facilitada pela definição de uma carga horária dedicada, além de um valor em forma de bolsa-auxílio – embora não seja a principal motivação, pelo valor simbólico se comparado ao volume de trabalho gerado por um clube –, porém, ainda assim é uma forma de valorizar esse tipo de atividade pedagógica.
Existe ainda o ganho do contato com as universidades. Para o estudante, muitas vezes o espaço da universidade está distante e o ambiente escolar acaba sendo o ponto de contato, com possibilidades mais restritas. O próprio professor clubista, que eventualmente perdeu vínculo com o ambiente universitário, pode reabilitar-se nesse sentido a partir das trocas incentivadas pela Rede de Clubes, da parceria com a universidade, com pontos de referência e acesso a cursos de formação continuada. Segundo a professora Débora, este é um benefício também para a própria universidade que recebe os clubistas, porque se retroalimenta e tem contato mais direto com o cotidiano da educação.
Fortalecimento da Rede de Clubes Paraná Faz Ciência
A ideia inicial da Rede de Clubes Paraná Faz Ciência pela Fundação Araucária e pela Secretaria de Estado da Ciência Tecnologia e Ensino Superior (SETI) se expandiu, e com a seleção em um edital do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), foi possível abrigar mais clubes de ciência, nos moldes do projeto da Rede de Clubes, porém nomeados de Rede de Clubes Paraná Faz Ciência ‘Maker’.
Os 45 clubes do tipo ‘makers’ (fazedores, em tradução aproximada) têm foco em atividades ainda mais práticas, para os alunos vivenciarem experiências de fazer os próprios trabalhos e investigações. Em geral, os clubes Makers têm bolsas para uma parte dos estudantes e em relação à temática, a expectativa é que tenham o envolvimento de robótica ou de assuntos mais técnicos, como prototipagem e execução de modelos.
Outra vertente de clubes de ciências veio com a Rede de Clubes Paraná Faz Ciência Meninas, que abriga projetos desenvolvidos por meninas e mulheres, também com apoio da esfera federal, via CNPq. Algumas regras são diferentes para esses novos integrantes da Rede, mas segundo os professores Débora e Rodrigo, há uma tentativa de uniformizar ao máximo os processos para que todos eles atuem como parte de uma mesma rede.
Para os articuladores Débora e Rodrigo, a estruturação da Rede de Clubes potencializou a capacidade do Estado do Paraná em captar recursos em outros editais e assim fortalecer e ampliar mais essa Rede. Ao todo, já se contabilizam cerca de 280 novos clubes, com similaridades e peculiaridades, de acordo com o agente financiador.