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‘No Ritmo do Conhecimento’ une a cultura Hip-Hop ao processo de aprendizagem dos alunos

Por: Ana Carolina Arenso Barbosa

No clube do Colégio Estadual Doutor Camargo, as atividades colaboram até para melhorar o relacionamento entre os alunos

A foto é do clube de ciências ‘No Ritmo do Conhecimento’ do Colégio Estadual Doutor Camargo, na cidade de mesmo nome (Doutor Camargo). A imagem mostra um grupo de estudantes e uma professora em uma sala de aula em frente ao mural do clube “No Ritmo do Conhecimento”. As crianças estão sorrindo e posicionadas ao redor de uma mesa com cartazes coloridos e materiais escolares espalhados, indicando que participaram de uma atividade criativa ou expositiva. Ao fundo, observa-se um mural decorado com desenhos, recortes e cartazes relacionados ao projeto. A professora está de pé, junto aos alunos, e todos aparentam estar orgulhosos e felizes com o trabalho realizado. A cena transmite um ambiente de cooperação, aprendizado lúdico e valorização do conhecimento por meio de atividades em grupo.
Foto dos clubistas e da professora coordenadora do clube No Ritmo do Conhecimento, em frente ao mural feito pelos estudantes (Foto/ Ana Carolina A. Barbosa)

No Ritmo do Conhecimento é o nome do clube de ciências do Colégio Estadual Doutor Camargo, no município de mesmo nome. Com 20 integrantes do 7º ano, os clubistas estudam a cultura hip-hop, inclusive o nome escolhido pelos estudantes em conjunto com a professora coordenadora, Simone Gonzales Sagrilo, faz referência à temática: aprender com ritmo.

O objetivo do projeto é usar elementos da cultura hip-hop, entre eles o rap (poesia), a dança e o grafite, para trabalhar diferentes conhecimentos na escola. Ou seja, procura colaborar para a dinâmica de estudos das disciplinas e para superação das dificuldades em relação a alguns conteúdos apontados pela maioria dos alunos.

Os clubistas começaram os estudos a respeito do surgimento do hip-hop que será aprofundado nas próximas aulas. Mas, primeiramente, refletiram sobre outras questões como a montagem da sala de aula e do painel do clube. Este último foi  realizado de forma manual e coletiva. É um tecido-não-tecido (TNT) amarelo que ocupa todo o espaço da parede ao fundo da sala de aula. Nele há escrito em material EVA (Etileno Acetato de Vinila) o nome do clube. 

“Foi um processo lento, em que pude avaliá-los, ver as noções de espaço e de organização. E percebi que têm alunos com dificuldades até mesmo em recortar e colar os EVAs com glitter para formar as palavras do painel. Então, por isso, nós estamos entrando nos estudos a respeito do rap (poesia) e do hip-hop agora”, explica Simone.

A proposta científica do projeto, segundo a professora, é trazer os principais elementos do hip-hop para a realidade dos estudantes com a intenção deles trabalharem algum problema de aprendizagem. “Por exemplo, a dificuldade com tabuada. Se eles conseguirem fazer uma música sobre o tema, ir trabalhando rimas e imagens sobre o assunto, vai ajudar na  fixação e será ótimo! Porque essa é uma das grandes reclamações do professor de matemática”, aponta a educadora.

Conforme Simone, uma escola moderna, além de ter equipamentos eletrônicos de alta tecnologia, precisa saber trabalhar o conteúdo de forma diferente, a exemplo da atividade com música. Os alunos podem, assim, aprender de uma maneira mais leve. Com o andamento das atividades, a ideia é observar os resultados e entender os benefícios dessa proposta para a educação de uma pequena amostra de alunos – uma turma, por exemplo.

Um passo de cada vez

A imagem mostra uma sala de aula ampla e bem iluminada, com várias crianças sentadas em grupos ao redor de mesas retangulares. As crianças estão envolvidas em uma atividade, algumas escrevendo ou desenhando em folhas de papéis. Há materiais escolares espalhados sobre as mesas, como lápis, estojos e cadernos. Ao fundo, é possível ver murais decorativos coloridos e armários azuis com etiquetas. Também há cartazes educativos fixados nas paredes, contribuindo para um ambiente de aprendizagem estimulante. A atmosfera da sala parece alegre e organizada, sugerindo uma aula participativa e dinâmica.
Estudantes no processo de criação do mural com TNT e EVA que fica na sala de aula do clube (Foto/Arquivo pessoal)

A dinâmica do clube é diversa e, por ser um colégio integral, acontece semanalmente nos horários das aulas eletivas de segunda-feira. A professora explica que é preciso dividir as aulas entre teóricas e práticas, “a gente tem que dar um passinho de cada vez, assim, tentando aprofundar”. Seguindo as regras do edital da Rede de Clubes, existe uma quantidade equilibrada de estudantes meninos e meninas. 

A professora destaca um momento interessante que o clube vivenciou. “O mais significativo, pode não parecer nada, mas foi a montagem do painel. Foi interessante porque eles dividiram as tarefas entre eles. Retirando um pouco do egocentrismo, aprendendo a compartilhar os materiais, trabalhando  em equipe, até fazer despontar lideranças e escutar o outro. Acho que isso é uma das maiores conquistas que a gente conseguiu ali”, afirma Simone.

O fato de surgir um líder natural do grupo é justamente por assumirem responsabilidades. “No caso é o Pedro. Quando eu chego na sala, ele já vem com o teclado, ligando a televisão e os outros vão se sentando. Teve um dia que algumas meninas do clube viram que caiu um pedacinho do painel, correram para colar de novo e pegaram cola quente para terminar de fixar”, descreve a coordenadora do clube .

Para ela, é gratificante observar essa movimentação dos clubistas trabalhando em grupo. “É sobre eles se respeitarem entre si, que é o mais importante. Essa é uma das grandes dificuldades na escola hoje. Os alunos estão precisando de um apoio nessa questão de respeito. Mas essa dinâmica, deles aprenderem a viver num grupo, é muito positiva para melhorar isso!”.

Entre as dificuldades, Simone pontua a falta de tempo para preparar as aulas do clube. “O fato do clube estar aliado ao horário das eletivas e ter pouca hora atividade para poder desenvolver as atividades do clube, deixa a gente um pouco atrasado com as datas que são solicitadas. Uma aula só é pouco tempo para você se dedicar como precisava”, defende a docente. Mesmo assim, a escola é muito boa e oferece bastante suporte, informa Simone. “Quando eu pedi uma sala só para o clube de ciências, eles a providenciaram, até porque a minha intenção é começar a produzir material e guardar lá. Então a infraestrutura é boa”.

Próximos planos

A imagem mostra uma sala de aula onde ocorre uma atividade educativa multimídia. Estudantes, vestindo camisetas azuis do uniforme escolar, participam da dinâmica. Um dos alunos está sentado de frente para uma televisão que exibe a frase: "Que refletem luz no meu coração", sugerindo que a turma esteja ouvindo uma música. No centro da imagem, uma aluna está sentada à mesa com um teclado sem fio à sua frente, indicando o uso de tecnologia durante a atividade. Ao fundo, outro aluno está sentado sozinho diante da janela com cortinas claras. A sala possui piso de madeira clara, carteiras organizadas e cadeiras empilhadas no canto, demonstrando um ambiente preparado para diferentes atividades. A cena transmite um momento de concentração e envolvimento dos alunos.
Alunos durante as atividades do clube (Foto/Arquivo pessoal)

A evolução dos estudantes já chamou a atenção de Simone. “Os alunos amadureceram muito, aprendendo com coisas simples que são diferentes da metodologia comum da sala de aula, e os professores crescem junto, porque cada grupo é um grupo, cada aluno é um e cada realidade é única. E eles trazem para a gente a vivência deles. Como é um um projeto com certo tempo, neste caso, de 30 meses, é uma oportunidade única para conseguir trabalhar com esse  grupo de uma forma bem diferente “, diz.

A possibilidade de amadurecer os alunos e prepará-los com algo a mais do que a escola pode oferecer no currículo comum é muito interessante. “Talvez a gente não saiba exatamente o que vai sair do clube, mas sei que vai ser algo bom. Um projeto como esse transforma vidas — mesmo que só um pouco, já é muito”, afirma a professora.

A expectativa é que os alunos apresentem seus trabalhos na Culminância do final do ano — um evento semestral em que as disciplinas eletivas apresentam para toda a escola os trabalhos desenvolvidos nesses seis meses, e é o caso do clube. O grupo também deve concluir o estudo sobre o rap, criar composições autorais e, com a chegada de novos materiais, incluir oficinas de dança e grafite com a possível contratação do Instituto Matéria Rima, uma organização sem fins lucrativos que busca por meio do hip-hop promover a educação e a cultura. “Assim eles podem nos ajudar com a parte da dança e depois o grafite”, finaliza a docente.