Além de aprenderem sobre sustentabilidade, os alunos realizam na prática a reforma de espaços dentro da escola
(Arquivo pessoal)
Para aqueles que estudam em uma escola integral, um lugar confortável e aconchegante faz toda a diferença. Por isso, o Clube de Ciências Paisagismo Sustentável, da Escola Estadual Manuel Bandeira, em Alto Piquiri, surgiu com o objetivo de trazer o sentimento de pertencimento ao aluno em relação à escola, de modo que eles aprendam a preservar e cuidar deste ambiente.
A professora coordenadora do clube, Katia Regina Cosmo, também explica que é uma forma dos estudantes compreenderem a ideia de sustentabilidade e o quanto ela é importante nos dias atuais. Somando-se a isso, o aluno desenvolve o protagonismo e a autonomia ao pensar em problemas e soluções. Ela espera que os alunos extrapolem os muros da escola e atinjam a comunidade deixando a cidade mais bonita e acolhedora.
A ideia da temática partiu da professora, pois já eram sugestões que ela comentava com o diretor do colégio para melhorias no ambiente. Quando o clube iniciou em setembro do ano passado, eles revitalizaram o primeiro espaço, que é o pátio da escola. Um ambiente que antes não era cuidado e sempre estava sujo, mas mudou de cenário.
“Isso acontece porque foram eles que fizeram, logo ajudam a cuidar”, explica Katia. Inclusive, segundo ela, no processo de revitalização deste espaço alguns estudantes que nem eram do clube também queriam ajudar e ser úteis. Assim, eles tiveram a colaboração de toda a comunidade escolar.
Neste ano, retomaram a parte teórica sobre sustentabilidade e paisagismo iniciada no ano passado, visto que agora são duas turmas neste mesmo clube. A primeira acontece todas as quintas-feiras e tem como membros alunos do 6º e 7º anos do Ensino Fundamental. A segunda é realizada às segundas-feiras e abarca estudantes do 8º e 9º anos. Conforme Kátia, em 2024 o clube era fornecido somente ao 6º e 7º anos porque as eletivas eram concentradas todas no mesmo dia.
Primeira reforma
(Arquivo pessoal)
Neste primeiro espaço central da escola revitalizado por eles muitas questões se alteraram. A primeira foi uma parede verde com uso de garrafa de politereftalato de etileno (PET). Para isso, foi fixada uma espécie de grade de janela e os alunos a pintaram de preto, para que aparecesse depois somente as plantas suculentas nas garrafas. Essa planta foi escolhida por ser mais resistente. Em parceria com a disciplina eletiva de robótica, os estudantes colocaram um sistema de irrigação inteligente que é controlado pelo smartphone.
Outras características desse espaço revitalizado é a criação de um gazebo com uma antena parabólica e um calçamento onde os alunos ficam à vontade para ler ou conversar. Somando-se a isso, também fizeram uma cascata e reaproveitaram cadeiras que estavam abandonadas em um terreno próximo à escola, apenas pintando-as e trocando os forros.
Até então, sem o investimento financeiro da Rede de Clubes Paraná Faz Ciência, a escola deu suporte e custeou parte do espaço reformado. Além disso, o clube contou com a colaboração dos alunos e seus familiares. A professora explica que eles traziam mudas de casa ou pediam para vizinhos. Assim, até mesmo a comunidade externa participou com doações para a construção deste primeiro ambiente.
Este ano: manutenção e novos locais revitalizados
(Arquivo pessoal)
O Clube Paisagismo Sustentável, tem em cada uma das duas turmas entre 20 a 25 alunos. Durante duas aulas de cinquenta minutos, eles estudam a sustentabilidade e o paisagismo refletindo sobre a reciclagem.
Após a revitalização do pátio, o objetivo agora é continuar realizando a manutenção deste espaço e iniciar as mudanças em novos dois ambientes: um em frente à quadra e posteriormente um próximo à sala das pedagogas e do refeitório. No ambiente perto da quadra uma das ideias é trabalhar com as artes plásticas. Fazer esculturas relacionadas ao esporte e para isso usar da sustentabilidade reciclando canos de policloreto de vinila (PVC).
Conforme a professora, o clube é bastante voltado à prática, mas a partir de agora vão começar a refletir sobre as metas alcançadas até o momento, compararem o antes e o depois e fazer o levantamento dos dados estatísticos. Em algumas aulas, ela também conta que eles assistem filmes buscando trazer discussões sobre a temática.
Para ir além do ambiente escolar, uma das ideias da professora Katia é buscar parceria com a prefeitura ou com lojas da cidade para que os alunos cuidem dos canteiros ou calçadas e possam colocar uma placa avisando que a escola está responsável pelo zelo daquele ambiente.
Além disso, durante o restante dos trinta meses que eles têm, muitas ideias podem surgir. Entre elas, está uma reforma de um ambiente próximo à antiga casa do caseiro da escola e também nos banquinhos que ficam em volta das árvores. A intenção também é realizar uma moldura com plantas nos muros pintados por um ex-aluno, Tony Morgado.
Entre momentos importantes e desafios
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A professora ressalta que um momento importante para o clube foi a Culminância, no ano passado. A Culminância é um evento que encerra o semestre, onde os alunos apresentam os resultados de projetos desenvolvidos nas disciplinas eletivas para a comunidade. Neste caso, esta experiência fez com que ela percebesse que os estudantes tinham se apropriado do assunto e gostado do que aprenderam.
O interessante deste dia, conforme Kátia, foi assistir à apresentação deles e ouvir as perguntas das pessoas que visitavam: os pais e a comunidade. Segundo ela, os visitantes ficaram curiosos e queriam fazer em suas casas algumas das ideias de reciclagem e sustentabilidade que haviam visto no pátio.
Entre os desafios apontados pela professora, está a dificuldade em motivar alguns alunos a participarem das atividades. Em relação ao fornecimento de material para o clube, isso logo será resolvido com a verba encaminhada pelo projeto Rede de Clubes. Kátia ressalta o apoio do diretor da escola e a união dentro da escola como fatores que colaboram muito para a superação destas questões.