Participação da coordenadora de Comunicação do NAPI Paraná Faz Ciência, Ana Paula Machado Velho, abordou histórico dos projetos de Divulgação Científica no estado, bem como as ideias em fase de implantação
A Coordenadora de Comunicação do NAPI Paraná Faz Ciência e do Museu Dinâmico Interdisciplinar (MUDI), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), Ana Paula Machado Velho, palestrou sobre sua trajetória como jornalista no campo da Divulgação Científica. A fala aconteceu durante o VI Congresso de Biologia da Universidade Estadual de Londrina (UEL), ocorrido entre os dias 7 e 10 de maio.
Em sua apresentação no terceiro dia do Congresso de Biologia, a jornalista falou sobre como conduziu a interface da área de Divulgação Científica com o ambiente acadêmico e também sobre os projetos atualmente em curso no Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Paraná Faz Ciência, a partir da visão institucional e do objetivo de ampliar a Cultura Científica no estado.
TRAJETÓRIA NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
Foi depois de uma palestra com a escritora e imortal da Academia Brasileira de Letras, Nélida Pinon, que Ana Paula ouviu pela primeira vez sobre a possibilidade de adaptar os textos difíceis dos livros de ciência para uma linguagem mais simples a todos os leitores. Quando ingressou na UEM para atuar como jornalista, em 1999, pode atuar verdadeiramente sobre a ideia de levar conhecimento científico para além do público da Academia.
Ana Paula considera que alguns fatores convergiram para que a Divulgação Científica no âmbito estadual avançasse enquanto proposta de comunicação, entre eles está o interesse do poder público, por meio de investimento considerável do governo do Paraná, e o fenômeno da pandemia de Covid-19, fato que demandou dos programas de comunicação mais efetividade e direcionamento para alertar sobre os cuidados de saúde naquele momento crítico.
“Como eu circulava também pelo Hospital Universitário da UEM e apoiei a formação do núcleo de Comunicação lá, houve essa facilidade de integrar o tema da saúde pública com a função social da comunicação. Foi nesse período [pandemia] que surgiu nosso primeiro projeto de Divulgação Científica, o C2 – Conexão Ciência”, explica a jornalista. O projeto se estruturou em uma rede de comunicação colaborativa – centralizado e liderado pela UEM, e aos poucos novas universidades passaram a participar.
Há 4 anos o grupo formado por bolsistas profissionais da área de Comunicação publica semanalmente duas matérias sobre o que se faz de pesquisa no Paraná, sempre em formato multimídia de conteúdo. Fazem parte dos produtos um canal no You Tube (@conexaocienciac2) e os Podcasts (podcasts) , já acima de 100 episódios. As produções contam com identidade visual próprias e o funcionamento do projeto já alcançou patamares de uma agência, com uma autonomia considerável entre os bolsistas, o que representa uma experiência profissional ainda mais completa a estes profissionais, que atuam desde a escolha dos conteúdos até a gestão de todo o processo. A capilaridade do projeto se vale de duas vertentes: o site institucional e o perfil de Instagram que atinge tanto os públicos acadêmicos como a população em geral.
Em 2021, com o interesse em ampliar o alcance da experiência exitosa da Divulgação Científica pelo C2, uma nova fase foi inaugurada. Veio com o apoio da Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SETI) que reconheceu o bom trabalho do C2 e apoiou uma nova estrutura, com mais profissionais bolsistas, sob a coordenação do NAPI Paraná Faz Ciência. Como espécie de um subprojeto do NAPI focado em divulgação científica, criou-se a Rede de Clubes Paraná Faz Ciência, um programa para levar aos jovens e crianças das escolas públicas do estado mais acesso à prática científica.
A gênese dessa nova rede veio de um movimento social existente em Portugal, o Ciência Viva, que agrega Clubes de Ciências nas escolas, uma rede de Museus Científicos, as Quintas [fazendas] da Ciência e as Feiras de Ciências. No modelo pensado para o Paraná, essas instituições estão em processo de implantação, sendo a mais importante no momento a Rede de Clubes Paraná Faz Ciência, com 200 Clubes de Ciências já em andamento nas escolas, que contam com o apoio da Secretaria Estadual de Educação e a assessoria das 12 Instituições de Ensino Superior públicas no Paraná, entre estaduais e federais, por meio de seus professores e pesquisadores. A ideia é fomentar uma rede de conexões para que todo o conhecimento circule e gere o efeito multiplicador de uma forte cultura científica.
“Para se ter ideia do sucesso que essa nova proposta está gerando [a Rede de Clubes], conseguimos no âmbito federal mais recursos em um projeto adicional e com isso outros 45 clubes foram agregados aos 200 estabelecidos no projeto estadual e já temos na fila mais 28 clubes pensados exclusivamente para as meninas na ciência. Ou seja, a ideia já está se multiplicando e gerando frutos”, explica a coordenadora Ana Paula.
“Nossa missão é criar canais para mostrar que o Paraná já faz de ciência, da qualidade dos projetos que temos aqui, mas que careciam de visibilidade. É uma visão institucional ambiciosa, usando recursos pagos por todos nós cidadãos para fortalecer a cultura científica”, complementa.
NEGACIONISMO E FAKE NEWS: COMO LIDAR?
Durante a sessão de perguntas após a palestra, um dos questionamentos foi sobre como lidar com o negacionismo propagado em redes sociais. Para Ana Paula, um dos caminhos é o que já existe na Rede de Clubes: começar desde cedo com as crianças, mostrando sobre o processo investigativo, como registrá-lo, além de criar laços de confiança, por meio de discurso empático e com diálogo. Outra forma, informa a coordenadora de Comunicação é, cada vez mais, fomentar que os próprios jovens façam essa comunicação, na linguagem que já dominam, para se atingir outros jovens, com representatividade e exemplos que lhes façam sentido.
“A melhor estratégia para lidar com essas dificuldades do momento é aproveitar a realidade e tentar criar mais divulgadores, entre os próprios jovens também. Acredito que seja aceitar o que está posto e tirar o melhor proveito disso, para conscientizar e tirar as dúvidas que surgem”, conclui.
As publicações do C2- Conexão Ciência podem ser acompanhadas pelo perfil @c2conexaociencia no Instagram e pelo site do NAPI Paraná Faz Ciência . Os trabalhos da Rede Clubes Paraná Faz Ciência estão no @clubesparanafazciencia e na aba “REDES” e “CLUBES DE CIÊNCIA” do mesmo site do NAPI .