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Clubista do Cienteens, de Maringá, retorna do Programa SLI em Portugal: “A experiência foi única, daquelas que só se vive uma vez”

Por: Ana Carolina Arenso Barbosa

Após um mês em Portugal, Davi compartilha aprendizados no SLI com o projeto da Missão Terraluna

A foto é de Davi Afonso Rezende, de 17 anos, do Colégio Instituto de Educação Estadual de Maringá e do clube Cienteens. Na imagem, vemos um jovem em pé ao ar livre, posando para a foto. Ele tem cabelos escuros e lisos, usa óculos de armação redonda e veste uma camiseta preta com estampa em estilo de pôster antigo, onde aparece um gato vestido de caubói com dois revólveres. Abaixo da ilustração está escrito: "WANTED – DEAD & ALIVE – Schrödinger’s Cat – Reward $5,000". Por baixo da camiseta preta, ele usa uma blusa de manga longa cinza. Ao fundo, há árvores verdes, céu azul com algumas nuvens, transmitindo um ambiente ensolarado e agradável.
Foto do clubista Davi Angelo Rezende, de 17 anos, do Colégio Instituto de Educação Estadual de Maringá e do clube Cienteens (Foto/ Arquivo pessoal)

No início de agosto, a 6ª edição do Programa SLI (Sustainable Living Innovators) foi encerrada em uma cerimônia realizada no Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA) – em Matosinhos (Portugal) –, parceiro da Fundação Araucária. Os 10 estudantes brasileiros, sendo cinco de Ensino Médio e participantes de clubes de ciências da Rede de Clubes Paraná Faz Ciência, e os demais cinco, universitários, bolsistas em iniciação científica, estiveram durante um mês no país europeu. O intuito do Programa é desenvolver nos jovens conhecimentos técnicos e comportamentais para realizarem uma proposta de base lunar habitável.

O aluno Davi Angelo Rezende, de 17 anos, do Colégio Instituto de Educação Estadual de Maringá e membro do clube Cienteens foi um dos selecionados para participar do programa e voltou para a casa muito feliz com todos os aprendizados recebidos. “Gostaria que todos os jovens tivessem essa oportunidade: experimentar a independência que o programa proporciona, mas também o apoio de profissionais e o trabalho em equipe constante. O diálogo era permanente, seja nas atividades, em casa ou na rua. Foi uma das vivências mais intensas e enriquecedoras da minha vida, com impacto pessoal e acadêmico profundo”, conta.

Segundo o estudante, seu cotidiano era organizado em palestras, workshops, desenvolvimento de projetos em equipe e apresentações. “As palestras aconteciam em salas específicas ou no próprio espaço de trabalho, e envolviam participação ativa. No desenvolvimento de projetos, dividimos tarefas usando um Kanban Board – uma ferramenta visual utilizada para gerenciar projetos e fluxos de trabalho. Também tínhamos pitches [apresentações] rápidos e reuniões de alinhamento com os comitês”, explica.

Para além das atividades nos edifícios, os jovens brasileiros e portugueses visitaram a Universidade do Minho, exploraram laboratórios e tiveram experiências na BEN4US – um projeto desenvolvido pelo CEiiA junto de outros parceiros, focado em mobilidade sustentável -, onde os estudantes testaram veículos elétricos de mobilidade compartilhada. Davi relata que além do programa durante a semana, após as atividades, costumava sair com amigos ou sozinho para conhecer o Porto, os shoppings, as praias e pontos turísticos. Mas, sempre voltava para casa à noite, revisava as tarefas e se organizava para o próximo dia.

Entre os pontos que mais chamou a atenção do estudante está a confiança e independência concedida aos participantes. “Havia liberdade para pensar por conta própria, mas também incentivo para compartilhar ideias e discuti-las. O nível dos profissionais, sempre acessíveis e dispostos a ajudar, foi impressionante!”, relembra o aluno. Além disso, o investimento no programa, a diversidade de pessoas e a intensidade dos aprendizados são outras questões que surpreenderam o jovem.

Para o tema central do SLI: a Missão Terraluna, os participantes foram divididos em quatro equipes com a repartição das temáticas fundamentais para a exploração lunar: construção, energia, mobilidade e saúde/qualidade de vida. Segundo o estudante, o projeto foi pensado para se estabelecer na cratera Faustini, no Polo Sul da Lua, região estratégica por abrigar gelo de água. “O objetivo era criar um habitat sustentável capaz de manter quatro astronautas por dez dias, assegurando a sobrevivência e as condições adequadas de pesquisa científica”, explica.

Na imagem, vemos um grupo de sete jovens posando juntos e sorridentes em frente a um painel com o logotipo do SLI – CEiiA New Space PT. Todos estão usando camisetas pretas com uma estampa colorida que remete ao espaço, reforçando o tema científico e tecnológico do projeto. Na parte de trás, o painel traz um círculo grande com nomes de instituições e empresas parceiras. O grupo está organizado em duas fileiras: quatro pessoas em pé atrás e três agachadas na frente, todos transmitindo energia positiva e espírito de equipe. O cenário sugere que eles participam de uma iniciativa voltada para ciência, tecnologia e exploração espacial
Foto de jovens que fizeram parte da equipe ObserBase – entre eles Davi, responsáveis pela construção de uma base lunar (Foto/ Arquivo Pessoal)

A equipe de Davi, a ObserBase, ficou responsável pela construção. Para isso, eles pesquisaram técnicas atuais de impressão 3D com regolito lunar (que é uma camada de material que cobre a superfície da Lua). O estudante também explica que eles estudaram métodos de soterramento para isolamento contra radiação, sistemas insufláveis habitáveis e organização de túneis para mobilidade. 

O jovem explica que eles contaram com o apoio de empresas, como Grupo Casais e da Universidade do Minho, para fundamentar a viabilidade técnica do projeto. Ele explica que “as ideias foram estruturadas em etapas: idealização, prototipagem conceitual e desenvolvimento de relatórios técnicos, com apresentações e feedbacks constantes dos mentores”.

A base que eles estavam estruturando abrigava laboratórios de geologia, física, química e biologia, além de áreas para telecomunicações, estufa, dormitórios, enfermaria, sala de convivência, ginásio e sistemas de suporte de vida (ECLSS). O aluno conta que incluíram soluções para extração de gelo lunar com o objetivo de terem água. E também, sistemas de ventilação, de iluminação, estufa para cultivo de alimentos e reciclagem integrada.

De volta a casa, o clubista conta o misto de emoções que viveu, entre saudade e gratidão. “Saudades das pessoas, da rotina intensa e do projeto que parecia muito maior do que nós mesmos. E a gratidão por ter vivido algo tão transformador em tão pouco tempo. Hoje tenho a certeza de que a vida é feita desses momentos que mudam silenciosamente o rumo da gente”. Entre as melhores aprendizagens, o estudante expõe o impacto dos laços que nasceram no programa e, para além das ideias que surgiram em relação ao futuro, a coleção de memórias está em destaque. “Essas nunca mais se repetirão e eu carregarei comigo para sempre”, conclui.