Dez colégios com clubes de ciências realizaram as conferências na região
Durante os meses de junho e julho, colégios da região Centro-Sul do Paraná promoveram a VI Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA), uma iniciativa do Ministério da Educação e do Ministério do Meio Ambiente voltada a estudantes do Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Com o tema “Vamos transformar o Brasil com Educação e Justiça Climática”, a Conferência busca engajar os alunos em debates e propostas sobre educação ambiental e justiça climática por meio de pesquisas e ações concretas voltadas às questões socioambientais.
Dez colégios com clubes de ciências da região estão participando da etapa regional da conferência. As escolas são de Guarapuava, Candói, Turvo, Prudentópolis, Boa Ventura de São Roque e Cantagalo. Cada uma delas está adotando metodologias próprias para trabalhar os temas com os alunos.
A VI Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente ocorre em quatro etapas: a primeira é a escolar, na qual cada escola desenvolve projetos com seus alunos. Em seguida vem a etapa regional, que seleciona as melhores propostas de cada região. As escolas finalistas participam da etapa estadual, e, por fim, os projetos vencedores de cada estado avançam para a fase nacional, que será em Brasília.
Na região Centro-Sul do Paraná, os colégios contam com o apoio da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro), que atua diretamente no desenvolvimento de ações por meio de projetos voltados ao protagonismo juvenil e à popularização da ciência. Entre essas iniciativas estão o Pacto Global de Jovens pelo Clima, projeto de abrangência internacional que envolve 11 estados brasileiros; a Rede de Clubes Paraná Faz Ciência, que envolve 30 escolas em 17 municípios da região; e o projeto Nós Propomos! Unicentro: Juventude educando-se na/com a cidade, também de alcance internacional, presente em 16 estados do país, coordenado pelo Grupo de Pesquisa e Extensão Educação Geográfica e Cartografia para Escolares, o EducartGeo.
CONFERÊNCIAS
Em Guarapuava, no Colégio Estadual Cristo Rei, a professora Crissiane Loyse Luiz, responsável pelo Clube de Ciências “Velozes e Curiosos”, organizou uma feira de apresentação dos trabalhos desenvolvidos pelos alunos. A atividade teve como objetivo mobilizar os estudantes quanto ao debate sobre as formas de mitigação da mudança climática através do cuidado com as abelhas nativas do Brasil e a manutenção da biodiversidade. Para a professora Crissiane, a apresentação é fundamental no desenvolvimento dos trabalhos. “Os alunos acabaram trazendo muitas ideias e materiais que eles mesmos confeccionaram, e as pesquisas já estavam em andamento, já estavam organizados”, destacou.
A estudante Luiza Mazur, de 11 anos, faz parte do clube e apresentou seu trabalho na feira. Para ela a conferência foi uma experiência muito enriquecedora. “Foi a minha primeira apresentação sobre as abelhas e o meio ambiente. Foi bem legal, um sentimento novo. Eu gostei bastante de participar da Conferência, porque abre novas portas e é uma oportunidade de conscientizar outras crianças sobre as abelhas”, comenta.
Já no Colégio Estadual Padre Chagas, também em Guarapuava, o professor Emerson de Souza Gomes, responsável pelo clube “EcoCientistas Visionários”, coordenou uma atividade que envolveu seis grupos de alunos, cada um abordando uma temática ligada à justiça climática, como saneamento básico, resíduos sólidos, drenagem, inundação e insegurança alimentar.
A dinâmica proposta pelos estudantes foi aplicada às turmas dos sétimos e oitavos anos e começou com apresentações introdutórias dos clubistas. A partir dessas exposições, os alunos das turmas formaram grupos e criaram um “Muro das Lamentações”, onde registraram problemas ambientais que conhecem, vivenciam ou identificam nas falas dos colegas. Em seguida, a atividade evoluiu para a construção da “Árvore dos Sonhos”, onde os estudantes escreveram em folhas suas propostas de solução para esses problemas, criando, assim, uma trilha simbólica que liga os desafios às ações necessárias para superá-los e alcançar um futuro mais sustentável.
Para a estudante do clube, Laura Maria Polli, de 14 anos, essa troca de experiências com os alunos de outras turmas é essencial para a sua formação. “A gente está aprendendo com eles, porque eles trouxeram ideias que talvez não tivéssemos pensado. Para mim, me ajuda muito para agregar conhecimento”, contou.
No Colégio Estadual Heitor Rocha Kramer, em Guarapuava, a professora Daniele Kosmos coordena o Clube de Ciências “EcoTransformadores”. Os clubistas decidiram fazer uma apresentação para os alunos dos oitavos e nonos anos do colégio explicando sobre as mudanças climáticas, aquecimento global e justiça climática. Em seguida, os alunos apresentaram o projeto do Clube, “Rua Sustentável”, que propõe ações para melhorar a qualidade das ruas do bairro Colibri, próximo ao colégio. A proposta foi tornar uma rua-modelo no bairro, um exemplo de sustentabilidade, refletindo o que foi discutido em sala. Para a professora Daniele, a conferência tem papel central para a formação dos estudantes. “É uma oportunidade de ir além do conteúdo da sala de aula e mergulhar diretamente na vivência cidadã e crítica”.
Já os alunos do Colégio Estadual Professor Amarílio, também em Guarapuava, fizeram uma análise dos problemas do cotidiano escolar em conexão com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), utilizando textos de apoio e dinâmicas em grupo. Em seguida, os alunos do Clube de Ciências “EcoCriativos”, com a supervisão do professor responsável, Doacir Domingos Filho, se organizaram em torno de temas como descarte incorreto de resíduos, desperdício de água, uso excessivo de energia elétrica e falta de aproveitamento de materiais recicláveis. E então elaboraram propostas de ações para resolver esses problemas.
Com foco na importância das abelhas para o equilíbrio ambiental e sua relação com o combate às mudanças climáticas, os alunos do Colégio de Educação Integral Professor Pedro Carli, em Guarapuava, apresentaram os trabalhos desenvolvidos no Clube de Ciências “Climatize-se”, organizado pela professora Katiane dos Santos, para turmas do Ensino Fundamental II da escola.
Após as apresentações internas, os projetos foram integrados e exibidos para a comunidade no evento de Culminância das Eletivas, uma feira realizada no colégio no dia 8 de julho, que reuniu toda a comunidade escolar para conhecer os trabalhos desenvolvidos nas disciplinas eletivas e nos clubes de aprendizagem.
Em Candói, os estudantes do Colégio Estadual do Campo da Paz participaram das atividades sob a orientação do professor de Biologia, Daniel Mazurek, e da professora Leonara Forquim de Mattos, responsável pelo clube “Identidades em Construção”. Os clubistas fizeram uma apresentação sobre educação ambiental, crise climática e racismo ambiental para todos os estudantes do Ensino Fundamental II. Ao final, os alunos propuseram ações para resolver os problemas discutidos.
No Colégio Indígena Cacique Otávio dos Santos, localizado na Terra Indígena Marrecas, em Turvo, as atividades da Conferência foram organizadas em três momentos. Durante uma manhã, professores de diferentes disciplinas e alunos apresentaram os projetos e ações já desenvolvidos no Clube de Ciências “Pỹnfīfī”, com foco em temas como desmatamento e a relação dos povos originários com o meio ambiente. As apresentações envolveram turmas desde as séries iniciais até o Ensino Médio. Em seguida, foi realizado um diagnóstico socioambiental da escola, refletindo sobre os principais desafios enfrentados e as possibilidades de transformação do espaço escolar. Por fim, os estudantes participaram de rodas de conversa, onde puderam trocar ideias e propor ações voltadas à melhoria da realidade local.
Segundo o professor responsável pelo clube no colégio, Luan Felipe de Lima, o envolvimento dos estudantes tem sido essencial. “Eles são muito engajados, então as propostas saem. Acredito que vai sair bastante coisa. Espero que os alunos, principalmente os do Ensino Médio que estão adentrando em uma faculdade, consigam espalhar essas vivências que eles têm para o pessoal da cidade”, afirmou.
No Colégio Estadual Adonis Morski, em Boa Ventura de São Roque, os alunos do Clube de Ciências “Adonis com Ciência” foram organizados em grupos temáticos, como desmatamento, energias renováveis, racismo ambiental e resíduos sólidos, e realizaram pesquisas orientadas pela professora Juliana Aparecida Ghiotto. A partir disso, a proposta foi criar conteúdos digitais, como vídeos e podcasts. Segundo a professora Juliana, os alunos demonstraram um grande interesse pela atividade. “A proposta de utilizar as redes sociais como ferramenta educativa despertou entusiasmo, pois dialoga com a realidade deles”, completa.
Em Prudentópolis, os alunos do Colégio Estadual Alberto de Carvalho foram organizados em cinco grupos pela professora Mariel Guil Chociai, responsável pelo Clube de Ciências Quatro Elementos, com diferentes eixos temáticos. Cada grupo trabalhou com um eixo diferente relacionado à justiça climática. Após essa divisão, foram realizados debates e identificados os problemas ambientais do município. Entre as ações discutidas, destacou-se o reflorestamento de nascentes urbanas, iniciativa que saiu do papel e foi concretizada em uma atividade prática de campo, envolvendo os próprios estudantes.
No Colégio Estadual Professora Elenir Linke, em Cantagalo, a Conferência foi dividida em dois momentos. Pela manhã, os alunos participaram de palestras com a professora e doutora Sílvia Romão e com a própria professora responsável Luana Almeida Pereira, que abordaram os temas “Meio Ambiente e Qualidade de Vida” e “justiça climática”. No período da tarde, os estudantes, do sexto ao nono ano, se organizaram em grupos mistos para desenvolver projetos, que foram apresentados ao final do dia. O projeto mais votado foi escolhido para representar a escola na etapa regional. Os alunos do Ensino Médio, integrantes do Clube de Ciências “Discípulos de Pasteur”, atuaram como monitores na organização do evento.
A VI Conferência Infantojuvenil pelo Meio Ambiente é uma iniciativa que promove e desenvolve o pensamento crítico e científico dos estudantes, por meio das atividades práticas propostas pelos professores. Além de fortalecer a cidadania ativa e ambiental, consolidando o papel da escola de Ensino Básico na formação de lideranças conscientes e engajadas frente à crise climática.
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