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Museus e Centros de Documentações Universitários do Paraná reforçam importância e protagonismo na produção e a popularização da ciência

Por: Silvia Calciolari

Reunidos em Guarapuava, gestores, professores e alunos trocam experiências e já antecipam expectativas para o III Encontro 2026, na Unioeste de Cascavel

Participantes do II Encontro Paranaense de Museus e Centros de Documentações, na Unicentro em Guarapuava (Foto/NAPI PRFC)

Disseminar a compreensão de que museus e centros de documentações universitários são espaços de ensino, pesquisa e extensão, e não tão somente guardiões de acervos, está no foco da estratégia de gestores, professores e graduandos que atuam nos espaços museais e de documentação das instituições de ensino superior no Paraná. Reunidos na Rede de Museus Paraná Faz Ciência, o objetivo é divulgar e popularizar a ciência produzida nas universidades de forma interativa, interdisciplinar e acessível à sociedade, em geral, e à academia, em particular.

Esta perspectiva permeou todas as palestras, mesas redondas e workshops durante o II Encontro Paranaense de Museus e Centros de Documentação Universitários, que aconteceu semana passada em Guarapuava, dentro da 5ª Edição do Paraná Faz Ciência (PRFC 2025). Com recorde de participação, o evento contou com mais de 40 trabalhos de museus que compõem as redes de Museus de Ciência Universitários, sob o tema ‘Museus e Centros de Documentação e Memória contribuindo para um futuro sustentável’. Na programação houve ainda II Mostra de Museus Universitários do Paraná com 14 estandes no Centro de Eventos Cidade dos Lagos, que recebeu mais de 40 mil pessoas em quatro dias. 
Já na abertura do evento, o articulador do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação (NAPI) Conectando Memória e Inovação, assessor da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (Seti) e coordenador da Rede Estadual de Museus e Centros de Memórias, Documentação e Acervos Universitários (Remup), professor Renê Wagner Ramos, enfatizou a oportunidade rara para quem se interessa pela preservação da memória, tecnologia e inovação.

A mesa de abertura do II Encontro Paranaense de Museus e Centros de Documentação Universitários 2025 contou com a participação de Rodrigo Oliveira Bastos (à direita), Renê Wagner Ramos, coordenador da Remup, Roseli de Oliveira Machado, diretor do campus Santa Cruz da Unicentro, Fábio Hernandes, reitor da Unicentro, Édson Armando Silva (UEPG), Fabiane Bergmann, diretora do Arquivo Público do estado do Paraná, e Ricardo Miyahara, diretor do campus CEDETEG/Unicentro (Foto/Silvia Calciolari/NAPI PRFC)

“Nesta segunda edição, tivemos a participação efetiva dos centros de documentações de Londrina, Irati e Paranaguá e houve uma estruturação melhor dos próprios museus que vieram a Guarapuava, representando um avanço em relação ao ano passado quando estivemos em Maringá”, destacou Ramos. 

Uma comissão científica avaliou os mais de 40 trabalhos inscritos que foram apresentados e serão publicados em anais. De acordo com articulador, o resultado final mostrou que houve um alto nível de participação, representando grande avanço do ponto de vista científico neste encontro em Guarapuava, organizado pela Universidade Estadual do Centro Oeste (Unicentro).

“Hoje se começa a perceber que é realmente nos museus, nos centros de documentação que começa o processo de pesquisa. Tal visão demonstra para a sociedade e, principalmente, para o próprio sistema universitário, que precisam reconhecer a importância dos museus e centros de documentação, porque é onde está o acervo dedicado à pesquisa”, completa Ramos.

Confira abaixo como foi a II Mostra de Museus Universitários realizada durante o PRFC 2025

Compromisso com a pesquisa

No mesmo sentido, o coordenador do II Encontro, professor da Unicentro, Rodrigo Oliveira Bastos, disse que foram três dias intensos e profundamente inspiradores. “O evento superou nossas expectativas, reunindo gestores, pesquisadores, estudantes e convidados em torno de um tema: a contribuição dos museus e centros de memória para um futuro sustentável. A Unicentro, como instituição anfitriã, reafirma seu compromisso com a ciência, a cultura e a preservação da memória, fortalecendo seu papel na Rede de Museus e Centros de Memória Universitários do Paraná”, avalia.

As trocas entre os participantes revelaram desafios comuns como a falta de equipes perenes, a necessidade de formação continuada e a ampliação do diálogo com a comunidade. Mas também apontaram caminhos promissores como o uso de tecnologias acessíveis, práticas colaborativas e ações educativas que geram conexões.

“Saímos daqui com redes fortalecidas, ideias renovadas e a certeza de que nossos museus e centros de documentação são agentes fundamentais na construção de um amanhã mais consciente e cheio de sentido”, destaca Bastos, diretor do Museu de Ciências Naturais da Unicentro.

Reitor da Unicentro, Fábio Hernandes, visitou o estande do Mudi e foi recebido pela professora da UEM, campus Goioerê, Simone Fiori (Foto/Silvia Calciolari/Mudi)

Ações em destaque

Os mais de 140 inscritos no II Encontro puderam conhecer a ação em rede do NAPI Paraná Faz Ciência (PRFC), apresentado pelo articulador e professor da UFPR, Rodrigo Reis, que abriga a Rede de Museus Paraná Faz Ciência e orienta as ações de divulgação e popularização do conhecimento científico dos espaços universitários, inclusive com a modalidade itinerante que amplia o alcance do universo da ciência. 

Já a também articuladora do NAPI PRFC e professora da UEM, Débora de Mello Sant’Anna apresentou a pesquisa de percepção pública da ciência pelos paranaenses, lançada no evento e que traz indicadores que devem auxiliar os museus e centros de documentações nas atividades para atrair novos públicos e tornar os espaços referência quando se trata de ensino, pesquisa e extensão.

Por sua vez, a participação da coordenadora do curso de bacharelado em Museologia da Escola de Música e Artes do Paraná e Universidade Estadual do Paraná (EMBAP/UNESPAR), Jackelyne Corrêa Veneza, rendeu uma importante discussão sobre a necessidade de formação para os mediadores através da Educação Museal. “Precisamos fortalecer a rede de educadores e para isso precisamos de uma política pública de formação de museus e podemos começar com os museus de ciências universitários”, reforçou.

Participaram da mesa redonda “Educação Museal em Museus de Ciências” Débora de Mello Sant’Ana, Rodrigo Reis, Jackelyne Corrêa Veneza, Rene Wagner Ramos e Rodrigo Oliveira Bastos (Foto/Silvia Calciolari/NAPI PRFC)

Articulação em rede

“Foi uma oportunidade excelente para fazer articulações muito positivas e com um saldo extremamente para a ciência e todas as frentes ali representadas, que puderam se aproximar ainda mais”, enalteceu o articulador da Rede de Museus do Paraná e pesquisador do Novo Arranjo de Pesquisa e Inovação Paraná Faz Ciência (NAPI PRFC), Dhiego Cunha da Silva.

A Rede de Museus do Paraná desempenha um papel fundamental na consolidação de uma cultura científica no Estado, pois promove um ambiente de colaboração e troca contínua.

Importante ressaltar que a dinâmica de interação permite que cada instituição aprenda e cresça com as outras, elevando o padrão de qualidade do trabalho museológico em todo o Paraná. Para que isso aconteça, a articulação na rede é crucial para fortalecer frentes de ensino, pesquisa e extensão.

Articulador da Rede de Museus do Paraná, Dhiego Cunha da Silva (Foto/Arquivo pessoal)

“Avalio que o II Encontro entregou mais do que a gente esperava em todos os segmentos e agora cria-se uma expectativa ainda maior para a terceira edição. Vamos aguardar para ver como que a Unioeste, do campus Cascavel, consegue superar, já que todos os eventos são muito bons e o próximo tem sido cada vez melhor”, conclui Silva.

O coordenador do Museu Dinâmico Interdisciplinar (Mudi), da Universidade Estadual de Maringá (UEM), professor Celso Ivam Conegero, destacou o fortalecimento da rede de museus universitários. “Ano passado, nós do Mudi realizamos o primeiro encontro em Maringá e agora, neste segundo momento, vemos que a iniciativa gerou frutos pelo volume de participação desta edição, gerando mais trocas e interação entre gestores, professores e alunos”, enfatizou.

Entre os trabalhos apresentados estava o de João Victor Kuller, que conta a trajetória do “Centro Interdisciplinar de Ciências ao Mudi: análise das ações e alcance do Mudi-UEM”, e de Mayara Boiko Fernandes, com “O papel dos mediadores em um museu de ciência e tecnologia em um município do norte do Paraná” (Fotos/Mudi)

Conegero esteve acompanhado da professora da UEM, Ana Paula Vidotti, coordenadora do projeto de extensão Muditinerante, responsável pelo estande do museu na mostra. “Trouxemos nossa exposição Raio X, que permite verificar as características ósseas do corpo humano e de outras espécies da fauna brasileira”, conta. 

Em maio deste ano, o Mudi passou a vigorar entre os dez museus mais visitados do Brasil, segundo levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram). Em agosto, Maringá recebeu o 5º Encontro Nacional da Associação Brasileira de Museus de Ciências (ABCMC), demonstrando que o Paraná está fazendo a lição de casa quando o assunto é popularização da ciência e construção de uma cultura científica na sociedade.